quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Treinamento com pesos e o cérebro humano


O mundo, assim como nós, está em constante mudança. Fazer predições sobre o que acontecerá com você ao realizar alguma tarefa (e corrigir essas predições baseando-se no que está atualmente acontecendo) é assim, de importância vital. Uma teoria bem influente defende que o cérebro resolve esse desafio através do uso dos seguintes modelos: quando você segura um objeto, a antecipada aplicação da força sensorial de sua ação é comparada a real que você aplica. Se há um erro, ou seja, se você pensou que o objeto fosse mais pesado, um sinal de correção é mandado de volta para o córtex motor para rapidamente adaptar o comando à nova carga (carga real).
Apesar disso, existem diversas evidências psico-físicas para os seguintes modelos (para revisão, veja Wolpert e Ghahramani, 2000), e o conceito pode ser ampliado para se explicar até mais algumas formas de comportamento psiquiátrico (Frith et al., 2000), mas a arquitetura neural responsável para essas computações ainda não está completamente compreendida. Jenmalm et al. (2006) vêm contribuindo significativamente para esse tema usando ressonância magnética funcional por imagem em um estudo recentemente publicado no “Journal of Neuroscience”.

Nesse estudo, os autores instruíram os participantes a levantar um objeto com sua mão direita e utilizando as pontas de seus dedos e polegares. Em algumas sessões, o peso do objeto mudou de modo imprevisível: um objeto pesado se tornava mais leve e um objeto leve ficava mais pesado.
Estas alterações foram efetuadas através da adição ou remoção de um peso extra, fora dos “scanners”, que estavam ligados ao objeto que tinha que ser levantado. Durante o experimento, os sinais de força e de posição, bem como a aquisição de todos os tempos foram registradas simultaneamente.

Este sofisticado protocolo de experimento permitiu aos autores comparar o desempenho comportamental e atividade cerebral relacionado com o resultado da imagem feita pela ressonância magnética durante as tentativas de levantamento em que a carga fora modificada e quando o peso não foi alterado.

De um ponto de vista teórico, quando o peso muda inesperadamente, o predito “feedback” sensorial e os reais “feedback” sensoriais não correspondem. Portanto, o módulo comparando os preditos “feedback” sensorial e real vai gerar um sinal de erro.


As mudanças de peso levam a um aumento da atividade no córtex parietal inferior direito (Jenmalm et al., 2006). Um estudo anterior mostra que a ruptura da região parietal posterior do córtex por meio de estimulação magnética trans-craniana interfere com a capacidade de corrigir rapidamente um movimento na base de novas informações sensoriais (Desmurget et al., 1999).

Houve, também, diferenças na atividade cerebral que eram específicas para a questão da modificação da carga. O sensório principal do córtex motor esquerdo tornou-se mais ativo quando o peso foi aumentado, e menos ativo quando o peso foi diminuído (Jenmalm et al., 2006). O cerebelo direito tinha um papel oposto inibitório: ele tornou-se mais ativo quando o peso foi diminuído e menos ativo quando o peso foi aumentado (Jenmalm et al., 2006). Estas atividades provavelmente refletem a real força de correções da mão direita que tinham que ser realizadas e suas conseqüências sensoriais.

Isto é consistente com os papéis excitatórios e inibitórios dos sensores primários do córtex e cerebelo, respectivamente, no controle de movimentos.



Ou seja, em qualquer situação do treino, a coordenação sensorial (adaptação neural) sempre é trabalhada. Porém, muitos treinadores esquecem esse componente do treinamento. Lembram apenas das valências físicas e do sistema metabólico. As variáveis do treinamento para eles consistem em: força, velocidade, resistência e suas subdivisões; e aeróbio, anaeróbio lático e anaeróbio alático.

Mas ao observarmos que, para uma situação (aumento da carga) como para outra inversa (diminuição da carga), há uma adaptação neural que, por sua vez, leva a uma adaptação metabólica e morfológica.

O treinamento, seja qual for, nada mais é do que estímulos que levam a adaptações neurais, metabólicas e morfológicas. Por isso, a técnica dos exercícios deve ser muito bem trabalhada.



Não observamos, nas ditas “academias”, um trabalho de técnica dos exercícios. Você pode até argumentar que um exercício de supino ou uma rosca direta são exercícios de aprendizagem moderada a fácil e, por isso, não é necessário esse tipo de trabalho por um longo tempo. Mas pense bem. Um atleta campeão olímpico de levantamento de peso, mesmo nos quatro anos posteriores a sua conquista da medalha de ouro, treina técnica em torno de 20 a 40% do volume total de treino (Roman, 1986). Será que nós, meros mortais, não devemos também treinar dando ênfase na coordenação intra e intermuscular? Não devemos direcionar nosso treinamento, em certos momentos do ano, para uma adaptação neural?

Infelizmente, para 90% dos praticantes de treinamento com pesos no Brasil preocupam-se apenas em trabalhar, principalmente, a parte estética. O mais importante, o rendimento, fica em segundo ou em terceiro plano.

Na tentativa de mudar esse conceito, postarei futuramente alguns artigos sobre dismorfia muscular (anorexia e vigorexia), distúrbios psicológicos em relação à composição corporal (estética).

Qualquer dúvida ou sugestão, postem comentários ou enviem por e-mail para rdallsantos@hotmail.com.
Obrigado!
Rodrigo Dall’Aqua

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Levantamento de Peso – Por que devo praticar?

Nesse artigo, deixarei de lado minha revolta e escreverei sobre os motivos principais que recomendo a todos (jovens ou idosos; sedentários ou atletas; homens ou mulheres) a pratica de levantamento de peso. Antes de tudo, gostaria de explicar que a postagem anterior foi apenas um modo de chamar a atenção para o que está acontecendo em nossa sociedade, onde poucos possuem conhecimento e muitos opinam possuindo apenas informação – volte algumas postagens e veja o qual é a diferença entre informação e conhecimento.

Não sou - e nunca serei - contra a atividade aeróbia. Admito que não sou especialista e nem sou o mais capacitado para ministrar um treinamento de maratona, mas sei que, se um dia comprar uma esteira para o Ginásio Verkos, nela será possível um indivíduo de mais de 100 kg de massa corporal correr acima de 18 km/h. O que pretendo dizer é, que assim como qualquer outra aparelhagem que o Ginásio Verkos possua, sua futura esteira deverá ser forte e pesada!

Voltando ao artigo, agora escreverei sobre a minha especialidade: o treinamento com pesos: em especial, o levantamento de peso. Objetivo, através desse artigo, apontar e explicar as necessidades e benefícios de uma pratica regular de levantamento de peso.

Muitas pessoas, hoje, sucumbem em doenças chamadas de “doenças modernas”, como a obesidade, a hipertensão, diabetes, doenças do coração e “stress” psicológico. Essas doenças resultam, em parte, da diminuição de nossa capacidade metabólica em assimilar todas as calorias que consumimos ao longo do dia. Essa alteração no metabolismo está diretamente ligada a um declínio das atividades de muitos complexos enzimáticos, da atividade (expressão) genética, e de hormônios que regulam cada reação bioquímica em nossas células.

O último efeito do estilo de vida urbanizado é a perda da massa muscular, diminuição da força, e função inapropriada de muitos órgãos vitais. Em outras palavras, a urbanização tornou-se sinônimo de estagnação ou perda da saúde. O levantamento de peso oferece um estímulo natural para recuperar as funções e condições de nossas células, pele, órgãos e sistemas.

O treinamento de força, através do levantamento de peso, está se tornando uma prática mais confortável e fácil de ser realizada. O custo de um ingresso para uma partida de futebol, ou para um show ou uma festa, custa o suficiente para se adquirir um mês inteiro em um ginásio de treinamento com pesos. Assim, ao invés de ser posto em segundo plano – como um mero espectador – você estará realizando as atividades e exercícios, sendo possível, após a aquisição de uma condição física, a realização dos mesmos movimentos e atividades que atletas profissionais realizam, provavelmente não com a mesma eficácia e técnica.

Porém, há todo um mito em relação ao treinamento com pesos. Organizarei em forma de pergunta e respostas a fim de proporcionar ao leitor uma maior facilidade para encontrar sua dúvida.



1. O que é o levantamento de peso?
A essência do esporte de levantamento de peso é que a força muscular pode ser desenvolvida em paralelo com a flexibilidade das articulações, com a coordenação e equilíbrio de todo o corpo, com a resistência cardiovascular e pulmonar, enquanto se mantém a freqüência máxima de força em relação à massa corporal.
O levantamento de peso não é uma modalidade de força apenas. Muitos atletas fortes procuram levantamento de peso para aumentar a flexibilidade, sincronia da técnica e melhorar o balanço do corpo.
O levantamento de peso enfatiza os três maiores grupos musculares do corpo: coxas, costas e ombros. Por isso, suas modalidades (arranque e arremesso) são consideradas as que possuem maior gasto calórico no treinamento com pesos. Chegam a gastar quase 120 kcal em apenas 20 minutos de treino intenso (aproximadamente 6 a 8 séries com intervalos de 2 a 3 minutos).

Quem disse que Levantamento de peso não desenvolve flexibilidade?



2. É verdade que o treinamento com pesos (musculação) irá me deixar musculoso (a) como os (as) fisiculturistas ou lutadores?
Falso. Não é fácil conseguir um alto nível de massa muscular. Menos ainda como os fisiculturistas. Para isso, geralmente é necessário anos e anos de treino intenso e, também, o uso de recursos ergogênicos de origem farmacológica (Esteróides Androgênicos Anabólicos – EAA). Para as mulheres, então, esse recurso é obrigatório, já que elas possuem uma quantidade muito inferior aos homens de testosterona e hormônios masculinos em seu corpo.




Dificilmente a mulher conseguirá um corpo desses sem usar alguma substância ergogênica de origem farmacológica (EAA).





3. Treinamento com pesos (musculação) emagrece?
Não. Nem a corrida emagrece. O que emagrece é a alimentação. Se você consumir menos calorias do que gasta ao longo do dia, você emagrecerá. A atividade aeróbia gasta mais calorias. Mas a anaeróbia (treinamento resistido – treinamento com pesos – musculação) também gasta calorias. A contribuição dos exercícios físicos em geral para o processo de emagrecimento decorre do aumento no gasto calórico diário e do estimulo ao metabolismo, cujo nível de atividade tende à redução durante dietas hipocalóricas (baixa ingestão de calorias).
No caso dos exercícios resistidos, além desses efeitos, ocorre aumento da taxa metabólica basal devido ao aumento da massa muscular. Acredita-se que a tendência das pessoas engordarem com a idade seja em grande parte devido à redução da taxa metabólica basal decorrente da perda progressiva de massa muscular.
Numerosos estudos documentam redução do tecido adiposo estimulado pelos exercícios com pesos, nos mesmos níveis dos que ocorrem com exercícios aeróbios. Alguns trabalhos sugerem superioridade, em longo prazo, dos exercícios com pesos para o objetivo de redução da gordura corporal, em função do aumento da massa muscular.

"Você é o que você come!" - A alimentação é a base de tudo: tanto para quem deseja emagrecer quanto para quem deseja aumentar de tamanho.






4. Recomenda-se treinamento com pesos para mulheres?
Além de recomendado, deveria ser obrigatório! Pois a mulher já tem uma pequena taxa de testosterona no corpo, e com o passar dos anos, essa taxa tende a diminuir - sem falar na menopausa, onde há um completo desequilíbrio hormonal. Com isso, a força muscular diminui e, em conseqüência, aumenta a probabilidade do aparecimento de problemas ósseos (osteoporose), problemas posturais e até musculares.










5. "Nunca pratiquei nenhuma modalidade, posso praticar treinamento com pesos? E levantamento de peso?"
É permitido, sem problema algum. Logicamente, respeitando seus limites de carga e tempo de treino. Não precisa ficar treinando durante 1 ou 2 horas. Pode começar devagar. Cargas leves e treino curto. Com o passar do tempo, a técnica dos exercícios vai sendo aprimorada e as cargas irão aumentando naturalmente. Em relação ao levantamento de peso, é a mesma coisa. Primeiro aprende-se a técnica dos exercícios. Trabalha-se em cima dela tanto no arranque quanto no arremesso. Apenas após um bom tempo que começamos a treinar com carga. Como para qualquer coisa na vida, a paciência é um fator importante para se obter bons resultados com segurança.






Espero ter respondido a algumas dúvidas. Caso houver mais alguma, envie um comentário ou um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.

Obrigado!
Rodrigo Dall’Aqua dos Santos

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Maldita máquina de movimentar corpos!

Após um longo período sem postar absolutamente nada, volto à ativa com uma “problemática” que vêm fazendo parte do meu cotidiano: o cotidiano do Ginásio Verkos, onde eu e meu sócio procuramos a “solucionática!” – como diria um famoso jogador de futebol, a quem não recordo seu nome.

Primeira pergunta que me vem à tona, ao receber um possível cliente que pergunta por esteira: por que %#$%@ motivo ele quer esteira para caminhar ou correr, se bem a sua frente encontra-se um dos melhores parques de Porto Alegre – o Parque Farroupilha (ou Redenção)?

É tão forte e distorcida a imagem que vendem sobre a atividade aeróbia, que é comum ver pessoas acreditando que, apenas com a esteira, são capazes de conseguir um corpo tão esbelto e saudável quanto à da moça na foto.
Claro, sabendo que há uma probabilidade enorme de que eu não o convença em - “apenas!” - treinar com pesos nem procuro gastar esforços ou energia (kcal) para tal. Ao fim do dia, analisando quantos desses possíveis clientes entraram para pedir informações e saíram frustrados com a “incompetência” da diretoria do Ginásio Verkos em abrir um “Centro de Levantamento de Pesos” e não pôr nem uma esteira sequer! – Absurdo! – como diria um grande profeta do século XX: “Isso é o fim da picada!” – defina o fim da picada...

Mas ao tentarmos buscar o porquê disso, observamos que a nossa cultura (cultura brasileira) em relação ao esporte não existe. São poucos que treinam e fazem do treinamento (seja qual for!) parte de sua vida. Menos ainda são os que entendem realmente de treino. Seja profissional da Educação Física ou não - há muitos profissionais que não sabem.

Mesmo assim, muitos chegam ao nosso estabelecimento com a maior autoridade exigindo uma máquina de caminhar, um aparelho para o abdômen visto na televisão (onde o praticante do mesmo, perde cerca de 10 kg por semana, e fica gigante e sarado ao mesmo tempo! – tudo isso em apenas um movimento “pantográfico”!), um voador, um cross-over para treinar igual o Jay Cutler... mesmo que possuamos umas das maiores concentrações de barras olímpicas da região sul do Brasil – provavelmente apenas a Sogipa seja capaz de nos superar. Mas, em contrapartida, possuímos mais quilos em anilhas olímpicas - se soubessem o que uma barra olímpica é capaz de fazer com seu corpo, talvez não nos questionassem...

Autoridade que falta para exigir dos políticos que cumpram suas promessas; é usada em demasia em empresários que recém estão abrindo um negócio. Mas parte disso deve-se ao fato de o pensamento “fitness” ter entrado na mente das pessoas de tal forma que, o treinamento com pesos – vulgo “musculação” começou a ser chamado de “apenas musculação!”. Como uma atividade tão complexa e distinta como essa pode ser vista como “apenas”? Essa é uma pergunta fácil de ser respondida. Isso se deve ao fato de, como ela ficou popular, tornou-se um mercado lucrativo. Mais ainda quando misturada com outras modalidades: ginástica aeróbica, treinamento aeróbio, lutas, yoga...fazendo com que o professor de ginástica também ensinasse a treinar com pesos e a lutar, mesmo que sua vocação e especialidade seja apenas a ginástica, o treinamento com pesos foi outro meio de aumentar seu lucro com aulas personalizadas.




Na verdade, a sensação de correr na esteira é só uma sensação mesmo, pois não corremos nada na esteira e sim o chão corre e só precisamos acompanhá-lo. Correr na esteira é uma ilusão de corrida, pois mesmo correndo a 14 rpm, na verdade estamos correndo muito menos do que parece.

Mais fácil ficou sua vida quando foram inventadas as máquinas, onde ele não se via mais obrigado a “perder” um longo tempo ensinando seu aluno a treinar. A máquina tem seu movimento... não precisa de professor capacitado para movimentá-la corretamente. Para justificar seu uso, inventaram que ela “isola” a musculatura, especificando mais o treino! – Mas até hoje, ainda não foi comprovada sua eficácia! Mesmo assim, chegará o dia em que a própria máquina se encarregará de treinar pelo atleta.

Exercícios como o arremesso foram completamente banidos nas "academias" do Brasil. A pergunta que fica é: Por que?

Os treinadores de todas as partes começaram a utilizar esse meio de treinamento, esquecendo por vez, das milagrosas barras olímpicas. Esquecidas e ao mesmo tempo amaldiçoadas. Inventaram que elas são maléficas. Que tais exercícios como o agachamento, o levantamento terra, o arranque, o arremesso, o “power clean”, etc. são todos prejudiciais à saúde. Sendo que, quem é mais nocivo à saúde é o próprio treinador e seu sistema mecanizado de treinamento – assistam ao filme “Tempos Modernos – Charles Chaplin” e vejam o que está acontecendo na grande maioria das “academias”, dos centros “fitness”.
Postarei em poucos dias, um artigo sobre esteiras e treinamento com pesos, vantagens e desvantagens, onde citarei os prós e contras de uma esteira; benefícios e malefícios do treinamento com pesos.

Para mais informações ou dúvidas sobre o Ginásio Verkos, comentem o artigo ou enviem um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.

Obrigado!
Rodrigo Dall’Aqua

domingo, 31 de agosto de 2008

Levantamento de Peso: capacidades motoras gerais - resistência de força


Retornando às capacidades motoras do Levantamento de peso, comentarei sobre uma capacidade biomotora não tão determinante para o desempenho nessa modalidade, mas que com certeza é essencial, de um modo indireto, para o desempenho esportivo: a resistência de força, em especial a denominada “força de resistência hipertrófica” (Häkkinen, 2002)

Verkhoshanski (2001) define resistência como “uma capacidade de realizar o trabalho muscular sem perder sua efetividade e durante um tempo prolongado”, e cita as várias formas de resistência (resistência de força, de velocidade, a resistência estática, dinâmica, etc.).

Adaptações estruturais (Hipertrofia) ocorrem em um segundo momento (ou seja, após as neurais), como resultado da exposição continuada ao treinamento da força muscular. Essa hipertrofia pode ocorrer de maneira seletiva (em determinados tipos de unidade motora, de acordo com a ênfase do treinamento), e pode ser resultado do aumento da quantidade de proteína não-contrátil (sarcoplasmática) e/ou contrátil (Siff e Verkhoshansky, 1998).




Usualmente, diversos autores relatam métodos voltados para a hipertrofia muscular. Entretanto, como citam Ide e Lopes (2008), identifica-se certa incoerência quanto ao objetivo metodológico, pois a hipertrofia em si não se trata de uma capacidade biomotora, mas de uma adaptação morfológica caracterizada pelo aumento da área fisiológica em corte transversal (AFCT) do músculo. Devemos compreender que todos os programas de força resultam em um grau de hipertrofia muscular, porém, determinadas combinações dessas variáveis enfatizarão esses ganhos em um maior grau do que outras (Fleck, 2002). Devido a isso, alguns autores denominam muitas vezes o protocolo com ênfase a tal propósito de “força hipertrófica” ou “resistência de força hipertrófica” (Kraemer e Häkkinen, 2004).

Citarei nesse texto como força de resistência hipertrófica apenas para o leitor diferenciar com uma maior facilidade o treino de resistência de força (séries com um número alto de repetições – acima de 15 ou 20 repetições, ou seja, séries que proporcionarão uma maior resistência muscular) e o treino de resistência hipertrófica (séries com um menor número de repetições – entre 6 a 15, séries às quais gerarão maiores micro-traumas na fibra muscular).

Ao citarmos a resistência de força, podemos dizer que é a capacidade de manter grandes níveis de força durante o maior tempo possível. O nível da força resistente se traduz pela capacidade do atleta de vencer a fadiga, realizando um grande número de repetições de movimentos, ou por uma aplicação prolongada da força contra uma resistência externa (Platonov, 2004).





Em relação à hipertrofia esquelética, podemos defini-la como uma adaptação morfológica decorrente do aumento da área fisiológica em corte transversal do músculo (AFCT). Paul e Rosenthal (2002) afirmam que o conceito envolve um incremento tanto no número de núcleos, como no volume citoplasmático, o que conseqüentemente acaba incorporando parte da definição de hiperplasia muscular, cuja definição é dada como um aumento no número de células, decorrente da fusão entre as células satélites (Hawke, 2001; Ide e Lopes, 2008; Paul et al., 2002).

Assim, ao analisarmos o treinamento com o objetivo de aumentar a massa muscular, geralmente é usada a carga de intensidade moderada e mais repetições (Kraemer et al. 1996). Entretanto, em diversas fases do treinamento, cargas elevadas e poucas repetições podem realçar uma resposta da hipertrofia, caso a intensidade do treinamento for mais tarde reduzida com a inclusão de um descanso adequado (Fleck e Kraemer, 2006). Deschenes e Kraemer (2002) afirmam que as adaptações neurais podem permitir o uso de cargas intensas para um dado número de repetições, de tal modo que se aumente também o estímulo hipertrófico.


A hipertrofia pode ser sarcoplasmática (aumento no tamanho do sarcoplasma) ou miofibrilar (aumento no número de núcleos - chamada "hiperplasia")


Oleshko (2008) cita que os levantadores de peso desenvolvem a resistência de uma maneira especial para a modalidade, ou seja, através de um aumento gradual no número de repetições de cada série e, principalmente, com o aumento das séries de cada sessão, para que então, eles possam suportar um alto volume de treino. Porém, vale salientar que, de acordo com o autor, o alto desenvolvimento da resistência afeta negativamente o desenvolvimento da força, e vice-versa.

No próximo artigo, citarei exemplos práticos para se treinar cada uma dessas capacidades biomotoras: força máxima, força rápida e resistência de força. Através de protocolos de treino, o leitor será capaz de programar um treino para si, logicamente, com um auxílio de um profissional capacitado.
Para mais informações, comente o blog ou envie um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.
Obrigado!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Resultados em Pequim!

Que grande final nos pesos pesados (acima de 105 kg)! De um lado, Evgeny Chigishev (pesando 124.13 kg), da Rússia. Do outro, o austríaco naturalizado alemão Matthias Steiner (145.93 kg). Na primeira prova (arranque) o russo conquistou uma boa vantagem: 210kg contra 203 de Steiner, obrigando o alemão à uma façanha histórica, realizar um arremesso de no mínimo 8 kg a mais do que o arremesso de Chigishev.

Chigishev realizou um bom arremesso (250kg). Poderia mais, mas deve ter acreditado que Steiner não seria capaz de fazer com 258 kg - lembrando que o recorde até hoje é do russo Leonid Taranenko, que em 1988 realizou um arremesso com 266 kg.

Então, mesmo com todos os problemas aos quais teve que enfrentar (perdera sua mulher em um acidente de carro ano passado), Matthias Steiner superou Chigishev, que tinha completado todas suas tentativas e estava com um somatório de 460 kg, conquistando assim, a medalha de ouro com 1 kg a mais do que o russo no somatório do arranque e do arremesso. Steiner pediu 10 kg a mais em sua segunda tentativa e conseguiu com sucesso superar outra dificuldade. Seu recorde pessoal antes dos Jogos Olímpicos de Pequim era de 250 kg.

Mesmo assim, essa marca fora inferior à das Olimpíadas de Atenas, onde o iraniano Hossein Rezazadeh realizou um arremesso com incríveis 263.5 kg.

O lituano Viktors Scerbatihs, que estava em segundo lugar, tentou o arremesso com 257kg em sua última tentativa. Ele chegou perto, mas falhou ao manter o peso sobre a cabeça e teve que se contentar com a medalha de bronze.


Vídeo de Matthias Steiner realizando o arremesso do Ouro (258kg)

Obrigado!

Rodrigo Dall'Aqua

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pan de Pequim! Pan Pan Pan!



Procurarei ser breve nessa coluna. Não porque não tenho o que falar (comentar). Sim, para evitar polêmicas.

Vejamos o quadro de medalhas até o presente momento: http://pequim.espn.com.br/espn/site/olimpiadas/medalhas/. Observamos que nosso maravilhoso país se encontra abaixo de alguns países que quase desconhecemos como Cazaquistão, Quirguistão, Mongólia, atrás de um país que há 30 anos sofria fortes ataques norte-americanos, o Vietnã. Estamos colados (mas embaixo) da Armênia (mesmo número de medalhas, mas Armênia é com A – e até nisso, nós, brasileiros, temos azar!).

Onde estão todos os vitoriosos do Pan-Americano ano passado? Ou será que eles não eram tão bons assim? Tive até professor de pós falando que era só ajustar uns detalhes na parte técnica do Tiago Pereira para ser capaz de superar Phelps! Talvez tenha sido empolgação, pois o Tiago estava arrasando há 6 meses atrás. Mas, pergunto: arrasando quem e como?

Será que o Brasil pensou que, apenas sediar o Pan traria medalhas olímpicas? Ou esqueceram do principal: se preparar para a Competição Maior? Pois tenho certeza que o próprio Phelps tenha se preparado com muita antecedência para conquistar essas medalhas.

Preparar um atleta não significa só treiná-lo. Significa fornecer o essencial para que ele possa vencer. Enquanto o Brasil ainda acredita que o essencial seja fornecer moradia e alimentação (e mesmo assim, são poucos atletas que recebem tais benefícios em nosso país), países como Estados Unidos, China, Rússia e Itália evoluíram há muito tempo. Preparar para eles significa muito mais. Principalmente fornecer o doping ideal. Não acredito - mais uma vez digo! - que Phelps esteja “limpo” – ele é o auge do doping: o doping genético! Estamos presenciando uma nova fase de seres humanos (atletas): os atletas geneticamente modificados – sinto-me honrado por presenciar isso!



O que me revolta não é o doping de Phelps e Cia. Revolta-me comentaristas da rede globo citarem como exemplo de doping os nadadores da Alemanha Oriental na década de 70, dizendo que denegriram a imagem da natação naquele período. Se os atletas de antes denegriram a imagem, e os de hoje? Não vejo o doping como vilão do esporte – não quando todos (ou quase todos) o utilizam.
Concluirei essa breve coluna citando o que o extremamente caro Pan Americano do Rio 2007 deixou de herança para o Brasil:
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Obrigado!
Rodrigo Dall’Aqua

Infelizmente, nosso único representante no Levantamento de Peso não conseguiu realizar com sucesso o arremesso com 162 kg. Mas PARABÉNS para o atleta Welisson Silva, pois mesmo sem muito apoio e incentivo, conseguiu ser uns dos melhores arranques em sua categoria!

domingo, 3 de agosto de 2008

Variáveis infinitas do treinamento e do esporte




Antecedendo aos XXIX Jogos Olímpicos de Pequim, na China, sinto-me obrigado, a mais uma vez, comentar sobre o que considero ser o mais importante tema do Esporte: as incontáveis variáveis que fazem dele, ser uma das Ciências mais complexas da atualidade.

Não digo isso porque trabalho com o mesmo. Digo isso porque realmente é um fato. O esporte é estudado pela Medicina, Bioquímica, Química, Fisiologia, Mecânica, Biomecânica, Matemática... Ciências Naturais a Sociais, passando pelas Biológicas e indo até o campo da Metafísica e outras alucinações e ciências as quais são poucos os capazes de compreendê-las com exatidão (ou não!).

O esporte está se desenvolvendo de uma forma tão rápida e assustadora que, já não pode ser lidado como uma só grandeza, mas com um somatório deveras complexo de inúmeras variáveis atuando simultaneamente – muitas delas desconhecidas ou não computáveis.

Para citarmos uma variável, podemos dizer que o esporte está se desenvolvendo de acordo com o desenvolvimento da tecnologia – que por sua vez, está em uma velocidade de transformação absurda, mas tão absurda que hoje, como diz Gaiarsa, podemos ter a audácia de nos compararmos a “Deus” em certos aspectos, como estarmos presentes em “todos” os lugares o tempo “todo” (onipresentes) e também saber e ver “tudo” o que acontece no “Universo” (oniscientes).

Se não fosse a evolução da tecnologia, não seríamos capazes de percorrer 100 metros abaixo dos 10s, talvez perto dos 9,90s, mas não mais rápido do que isso. A tecnologia desenvolve pista adequada, sapatilha adequada, treinamento adequado... e até os recursos ergogênicos adequados para percorrermos essa distância em 9,74s – Tyson Gay correu em 9,69s, mas como o vento estava muito forte, não foi considerado quebra de recorde. MAS ACREDITAR QUE UM SER HUMANO POSSA CORRER 100 METROS EM 9,69s E NÃO ESTAR DOPADO! É QUERER MUITO DE UM ESPECIALISTA DO ASSUNTO.

Tyson Gay (9,69s a favor do vento) - Usain Bolt (9,72s - recorde mundial)

Ainda assim, a imprensa até hoje critica e crucifixa o jamaicano naturalizado canadense Ben Johnson por ter utilizado Estanozolol nas Olimpíadas de Seul, em 1988. Mas pergunto: dos que estavam competindo contra ele naquela prova, existe alguém que estava limpo? Ou que não tivesse utilizado alguma substância em algum momento da preparação? Lembrando que o ciclo de preparação de um atleta olímpico é, geralmente, maior do que dos jogadores de futebol. Se naquela época tenho minhas dúvidas se alguém competia sem auxílio de alguma substância, imaginem hoje, onde todos os 8 finalistas da prova dos 100 metros rasos realizam marcas impressionantes!

Apenas citei uma modalidade de um esporte. Acredito fielmente que todos os esportes, sem exceção, são semelhantes. Talvez esteja arrumando confusão com algo ou alguém. Mas essa opinião está formada, e até que me provem o contrário, não a trocarei por nada. Ninguém é “santo” em um negócio que rende muita grana (ao menos fora do Brasil).



Hoje ninguém é mais queimado na fogueira (se fosse assim... ai de mim!). Mas o castigo dos especuladores no mundo científico é a perda de emprego na Universidade, perda dos fundos da pesquisa, perda do respeito de seus iguais (todos temerosos da horda) e a impossibilidade de publicar suas heresias nos periódicos... ortodoxos!




A comunidade científica é uma forma atual da Inquisição, a qual possui como aliados, a comunidade dos jornalistas, farmacêuticos, médicos... – entramos novamente na famosa “Teoria da Conspiração de Dall’Aqua”. E você, leitor, não imagina as atrocidades que já foram cometidas por ela – e que continuam a ser cometidas. Lógico que a comunidade científica é governada por uma curiosidade, um desejo de brincar com as coisas, uma atividade de observação e um gosto pelas experiências tão elogiáveis – e de regra bem pagas! Mas, nas sombras, governada também pelo orgulho, pela competição por fama e prestígio, por uma inveja e uma agressividade feroz contra a “especulação” – agressividade à qual se dá o nome de crítica... “objetiva”!

Retornando ao tema da coluna, podemos observar que apenas uma variável do treinamento (que formalmente não pode ser encontrada no treinamento, mas que todos nós – especialistas – sabemos que se encontra) - a variável dos recursos ergogênicos do doping - pode provocar uma tremenda de uma discussão, imagina se resolvesse comentar sobre todas as variáveis que estou, neste exato momento, pensando! Deixarei para comentar posteriormente.



Mas, independente da variável a ser questionada, ao adquirirmos o conhecimento de que existem diversos fatores que podem influenciar na conquista ou não de uma medalha olímpica, a pergunta que fica na cabeça de cada treinador é: como orientar-me nesse caos?



De certo modo, caos para a sociedade significa ausência completa da possibilidade de orientação baseada em conhecimentos – ou preconceitos – do passado, na “sabedoria ancestral” ou mesmo em instintos.

Para melhor compreensão, podemos analisar que até a metade do século XX, “a” verdade era única, linear, “eterna”, genérica e totalmente fora do tempo – e da realidade – que é um acontecer e não uma coisa. Assim, o Esporte surgiu e se desenvolveu assim também. O problema é que muitos esportes (ou quase todos) teimam em continuar assim. Não evoluem. Evoluem as marcas, os recordes. Mas o contexto ainda permanece o mesmo. São poucos esportes que se re-estruturaram com o passar do tempo – os americanos são campeões nisso: “replays” para os juízes; vários juízes em uma minúscula quadra de basquetebol; inúmeros atrativos para o público (o estado do Arizona lucrou US$500 milhões para apenas sediar a final do “Superbowl” – a grande final do futebol americano – leiam no site: http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/0,,MUL414090-7988,00.html).

Ao olharmos para o nosso futebol, percebemos completa “paralisia espaço-temporal”. Continua lucrando. Mas porque foi capaz de atingir os países mais pobres (como o nosso Brasil), onde o povo se contenta em assistir a uma partida de futebol em pé, sem conforto e sendo extorquido pelos vendedores no estádio. Nos países mais ricos também gera lucro, mas em atividades ilegais - não irei nem comentar sobre os "russos" que estão assumindo diversos clubes - novamente: "Teoria da Conspiração", adaptada por Dall'Aqua. Mas enquanto esse esporte ainda render aos cofres de poucos “espertos”, ele continuará sendo o mesmo.

Concluindo, essas variáveis do treinamento são estruturadas e organizadas em inúmeros setores também. Não adianta um atleta utilizar diversas substâncias, treinar pesado o ano todo, e na hora da competição, não ser patrocinado por uma “marca x” que possa mascarar as “tais” substâncias utilizadas por ele – “Teoria da Conspiração de Dall’Aqua”. Acabarei por aqui, para evitar complicações futuras, pois ainda pretendo trabalhar em uma Faculdade ou Universidade, realizar pesquisas e ser um cientista.
Agradeço sua leitura.
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Obrigado!
Rodrigo Dall’Aqua

terça-feira, 22 de julho de 2008

Grandes atletas do levantamento de peso II


Vasily Alexeev
O atleta a ser mencionado hoje foi uma das mais carismáticas figuras da modalidade sendo considerado o mais famoso atleta na história do levantamento de peso. O gigante soviético Vasily Alexeev (1,86 m e 160 kg), bicampeão olímpico (Munique’72 e Montreal’76) de super-pesados, invicto entre 1970 e 1977, nasceu em 1942, na cidade de Moscou, República Socialista Russa, parte integrante da ex-União Soviética.


Aos 19 anos, ele trocou uma carreira promissora no voleibol pelos pesos, aproveitando melhor sua incrível força, e começou a facilmente colecionar títulos nacionais e internacionais.
Sem dúvidas, Vasily Alexeev - também traduzido como "Alexeyev" - foi (e ainda é) o atleta mais popular e conhecido do Levantamento de Peso.



Alexeev ficou sete anos invicto - entre 1970 e 1977 - em torneios internacionais, colecionando 22 títulos neste período. Entre eles, oito campeonatos mundiais, duas medalhas de ouro olímpicas e nove títulos europeus.



Dono de uma impressionante força física, Alexeev dominou o esporte com uma marca surpreendente de 80 recordes mundiais durante a carreira, sendo sete deles conseguidos em uma única noite. Este número adquire uma importância maior do que a esportiva, já que o governo soviético premiava o atleta com a soma de US$1.500 por recorde quebrado, verdadeira fortuna para os padrões socialistas.




Foi também o primeiro halterofilista a superar o mito da marca de 600 kg na prova de peso total nos 3 levantamentos – arranque, arremesso e o desenvolvimento ou “militar press”- e a dos 400 kg nos dois levantamentos (arranque e arremesso) – veja o vídeo no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=9K0Ze7-q6yk.


Alexeev foi o primeiro atleta a ultrapassar a barreira dos 400 kg na soma do aremesso e do arranque.



Com sua força incomum, o gigante russo - 1,86 m e 160 kg - alcançou a marca de 640 kg no peso total durante os Jogos Olímpicos de Munique-1972. Este recorde jamais será batido, já que a prova foi retirada do programa olímpico depois daqueles Jogos.


Entre os métodos de treino inusitados do “Urso Russo”, que comia uma omelete com 3 dúzias de ovos em seu “pequeno almoço”, podemos citar o levantamento de pesos dentro das águas do rio Don – o que provavelmente seja uma excelente técnica de treino, pois há a possibilidade de levantar mais carga do que o normal, visto que o período em que a barra se encontrar dentro da água, o peso dela será reduzido. Assim, a aplicação da real força da barra será a partir do momento que a mesma se encontrar fora do meio líquido.



Os treinadores de Alexeev - Arkady Vorobyev foi um deles - inovaram bastante nos métodos de treino para levantadores de peso.



Em Montreal (1976), Alexeev conquistou sua segunda medalha de ouro olímpica. Depois de uma séria lesão em 1978, voltou a competir nos Jogos de Moscou (1980), porém não conseguiu levantar a barra acima dos joelhos. Atualmente, de acordo com várias entrevistas em programas russos, Vasily Alexeev dedica-se a traduzir livros de Jack London para o russo, colecionar peças de cristais e conhaque da Armênia, além de ler e re-ler os livros de Lênin.


Foto recente de Vasily Alexeev.
Fugindo dos padrões soviéticos, Alexeev, após aposentadoria como atleta, não seguiu carreira de treinador.
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Obrigado!
Rodrigo Dall'Aqua

quarta-feira, 16 de julho de 2008

MUDANÇAS EM NOSSAS VIDAS


Hoje não escreverei sobre esportes. Por alguma razão que desconheço, fui possuído de uma enorme vontade de escrever sobre algo que todos presenciam (ou presenciaram): a rotina. Todos nós nos sentimos, em certos momentos de nossas vidas, acomodados, ou pior, conformados com a situação (qualquer que seja: boa, média, ou ruim) em que nos encontramos. Para modificá-la, há a necessidade de enfrentarmos o medo do desconhecido. Assim, muito se fala do medo do desconhecido, mas pouco se fala do tédio do conhecido, do que é seguro. Do que se repete, da vida vivida "como se deve", e não da vida vivida "como se deseja".


Existe um princípio (o princípio da Não-contradição Existencial) que cita que a alma da aventura é o inesperado, a ameaça, o imprevisto. O oposto disso, a segurança, o previsto, o esperado, não faz com que nos sintamos vivos.


O problema todo é que nós lutamos contra aquilo que mais desejamos. No lugar da contínua transformação que somos nós, preferimos os noticiários e as propagandas intermináveis: o mundo está se transformando: mudam as modas, os remédios para celulite, são inventados a cada dia, melhores xampus (que evitam até queda de cabelo!), aparelhos de musculação que lhe proporcionam músculos ultra-definidos e, acreditem, mesmo trabalhando a região abdominal, você emagrece, ganha massa muscular e fica "saradão" com apenas 3 minutos por dia! - ou seja, a cada dia que se passa, preferimos ouvir e ver tantas "barbaridades", como simples expectadores de um jogo de futebol, a transformar (modificar) essa nossa realidade.


Freud cita que o desejo de segurança é um instinto de morte. Medo de correr riscos - eternamente inevitáveis - pois não há dois momentos iguais no Universo. Desse medo surgem os "abençoados" com o dom da premonição. Há aqueles com tanta insegurança do futuro, que se prevêem com extrema precaução bem antes de o mesmo chegar. Porém, o grande problema é que, enquanto essa pessoa estiver viva, sempre haverá futuro para ela. Assim, ela nunca estará vivendo o presente, e sim, vivendo para o futuro.



São deveras profundas as raízes do tanto que se faz e pensa a fim de prever e "garantir" o futuro, quando toda a evidência nos prova que essa previsão é impossível.


Hoje os biólogos começam a falar de optoptose - suicídio espontâneo da célula ou do ser vivo, programado no DNA e ativado quando a célula ou o ser vivo não possui mais ou nunca possuiu função. Isso é causado por fatores psiconeuroimunológicos. Psicológicos, quando a vida é um contínuo tédio sem sentido, uma repetição estúpida ou um desamparo sem medida. Fatores neurológicos porque então os neurônios produzem enxurradas dos neurotransmissores inibidores, enquanto são liberados no sangue os hormônios do estresse (causando depressão, medo crônico de tudo, vontade de morrer). E por fim, imunológicos, porque o sistema defensivo do organismo esgota-se pelo esforço inútil de permanecer vivo.


Essa "optoptose" está cada vez mais se tornando parte de nossa sociedade. Um dos motivos que acarretam essa ascensão está relacionado aos valores da sociedade. Fama e sucesso são, hoje em dia, obrigações para se tornar um "bem-sucedido" empresário, jornalista, médico, professor, treinador...adotando, se necessário (e está se tornando necessário!), a filosofia maquiavélica onde, os fins justificam os meios. Quem não consegue essa fama, sente-se um imprestável. Assim, ainda tenta, de todas as maneiras possíveis, ser semelhante às "imagens" na televisão.


Li esses dias que, na sociedade norte-americana, quase 10% da população sofre de depressão e 25% terá uma crise psiquiátrica em algum momento da vida. Falando de um país que, de acordo com o site da Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Demografia_dos_Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica), em 16 de janeiro de 2005, o censo estimou a população norte-americana em 295.267.686 habitantes, isso significa que em torno de 29,5 milhões de norte-americanos apresentam problemas depressivos. Ao ler os artigos do Journal of Psychiatry (Levinson et al., 2007; Holmans et al., 2007; Folstein et al., 2007; Storosum et al., 2001; Mayberg, 2002; Manji, 2003; Greenfield et al., 2000; Schatzberg, 2002; Anghelescu et al., 2001), observamos que em torno de 20-40% dessas pessoas que sofreram crises depressivas, sofreram por motivos estritamente genéticos e/ou traumas (perda de familiares, amigos, amores; guerras). Assim, 60-80% dessas pessoas que sofrem de depressão, os fatores condicionantes foram: uso abusivo de drogas (remédios, drogas sintéticas, incluindo EAA), problemas familiares e fatores socioculturais.


Soldado Norte-Americano no Iraque - Transtorno de Stress Pós-Traumático que pode acarretar em depressão profunda.




Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain. Exemplos de que até mesmo fama e dinheiro não são capazes de proporcionar a tão desejada felicidade.

Infelizmente, essas "imagens" são imagens distorcidas, corrompidas pela ignorância, sexo, violência, infidelidade, mentira...já mencionei ignorância? - importantíssimo citar isso, pois nossos ídolos, presentes 24 horas na telinha, geralmente não sabem (ou fingem não saber) a tamanha influência que possuem no desenvolvimento das crianças e adolescentes de nosso país, onde a moda da garotada é usar brinco e andar em "bando" para espancar alguém "diferente" - diferente de sua raça, religião, diferente de sua "turma" apenas.


Todos os pré-supostos são limitações da percepção: "veja somente o que todos dizem que existe!". Por isso os pré-conceitos levam a decisões não propriamente erradas, mas na certa parciais - ou limitadas. Por isso os preconceitos alimentam continuamente a ansiedade. Ao restringir a percepção e tolher a liberdade de movimento, eles nos deixam indefesos.


Cada "não" ouvido e obedecido na infância cria um buraco naquela realidade que não foi experimentada, e um medo de viver as experiências que não foram permitidas pelas "autoridades" sociofamiliares. As crianças de hoje estão sendo criadas através do "não!" - "não corra no corredor", "não grite!", "não ponha a mão na boca"...até em relação à sexualidade, ainda continuam as barreiras. Apenas o que mudou foi a banalização do sexo, a vulgarização do sexo. Mas cá entre nós, dançar um "creo", assistir pornografia na internet, ou andar de mini-saia na rua, não auxiliam muita coisa para o (a) adolescente "se conhecer".


Por fim, o medo do futuro apenas se resolve ampliando a percepção do presente. Ou seja, se a pessoa estiver bem ocupada com e no presente, pouco ou nada se preocupará com o futuro. Pois ela estará, naquele momento, empenhada em uma tarefa interessante. O medo do futuro existe porque no presente se vive sem perceber a si e nem ao seu contexto. Resumindo, só vivem no passado ou só se preocupam com o futuro as pessoas que não têm presente - ou que não estão presentes ao presente.



Dúvidas ou sugestões, comentem o blog ou enviem um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.

Obrigado!
Rodrigo Dall'Aqua

sábado, 5 de julho de 2008

Levantadores de peso - Leonid Taranenko


Nesse artigo, iniciarei uma série onde serão citados os principais atletas do levantamento de peso da história. Atletas que superaram limites, quebraram recordes e conquistaram medalhas de ouro, prata e bronze nos Jogos Olímpicos para suas respectivas nações.

Em épocas completamente diferentes da nossa, onde havia (ou não) um pequeno conhecimento sobre planejamento de treino; onde se acreditava que "quanto mais treino, melhor!", jamais cogitando a existência de uma variável do treinamento, chamada hoje, de supertreinamento ou "overtraining", e até mesmo os esteróides anabólicos androgênicos (EAA) eram praticamente desconhecidos (mais do que atualmente). Sobre os aspectos nutricionais então nem se fala. Mas mesmo assim, podemos observar que os atletas praticavam o esporte, seja qual for a modalidade, com o "coração". Eram "cobaias" de seus treinadores apenas pelo prazer de competir, sem se importar com o fato de não possuírem garantias de uma aposentadoria segura, ou até mesmo de uma vida saudável após a carreira esportiva.

Os primeiros atletas que mencionarei foram duas lendas da ex-União Soviética. Competiram em épocas de Guerra Fria, onde tanto a URSS quanto os EUA lutavam muito para dominarem o cenário esportivo. Leonid Taranenko e Vasily Alexeev foram dois monstros! Duas personalidades que, na época, foram comparados aos heróis superpoderosos das histórias em quadrinhos. Não iniciarei falando sobre a maior lenda (Alexeev) pois, creio que Taranenko tenha sido mais (se isso é possível!) impressionante. Taranenko não era tão alto quanto Alexeev. Não era tão pesado quanto. Mas mesmo assim, foi capaz de feitos impressionantes.


Leonid Taranenko



Nascido em 1956, conquistou em sua carreira 5 medalhas olímpicas: 2 de ouro, 2 de prata e 1 de bronze, competindo nas categorias 108+ kg, 110 kg e 110+ kg.

Detentor de 26 quebras de recorde, foi o atleta que levantou a carga mais pesada do século 20. Aconteceu em Camberra, na Austrália em 1988 através de um arremesso de 266 kg, que passou então, durante as décadas seguintes até os dias atuais, a ser um desafio para os demais atletas.



Taranenko realizando o segundo maior arremesso de todos os tempos: 265,5 kg.
Link para ver esse arremesso: http://www.youtube.com/watch?v=gsXY7KxegAc
Link para assistir ao maior arremesso (266 kg): http://www.youtube.com/watch?v=D845ugFQh2U



Formado na escola bielorrussa de levantamento de peso, Taranenko levantou pesos em nível internacional até os seus 40 anos de idade. Durante sua carreira, ele representou as seleções nacionais da URSS, e após o colapso, a Comunidade dos Estados Independentes e, por fim, a Bielorrússia.

Taranenko se tornou candidato para a seleção soviética aos 19 anos, em 1975. Entretanto, sua ascensão ocorreu nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, onde ele conquistou a medalha de ouro na categoria de 110 kg. Quatro anos mais tarde, ele estava preparado para competir em sua segunda Olimpíada, entretanto, devido ao boicote da URSS nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles, ele deixou de conquistar seu merecido título. Como alternativa ao Jogos Olímpicos, os soviéticos participaram do Torneio Amistoso Internacional, onde Taranenko venceu na classe de 110 kg com o recorde mundial total de 442,5 kg (ou 52,5 kg a mais do que Norberto Oberburger - o medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles).

Rapidamente, após esse ano, Taranenko transferiu-se para a categoria Super Pesados (110+ kg). Esse passo foi arriscado pois ele não era tão alto para essa nova categoria de peso. Em adição, o time soviético já possuía uma longa lista de jovens ambiciosos para se tornarem o "homem mais forte do mundo" nessa categoria, título que se generalizou após a aposentadoria de Vasily Alexeev.


Comparação entre Taranenko na categoria 110 kg e Taranenko na categoria acima de 110 kg.



Em 1992, aos 36 anos, Taranenko conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Barcelona representando sua pátria, Bielorrússia. Aos 40 anos de idade, Taranenko conquistou o título de Campeão Europeu e também tentou sua participação nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Apesar da conquista do europeu, sua longa história de lesões o impediram de alcançar esse último desejo em sua carreira de atleta. Após sua aposentadoria, Taraneko seguiu a carreira de treinador, sendo em 2004, antes dos Jogos Olímpicos de Atenas, demitido do comando da seleção nacional da Índia devido ao resultado positivo no doping de duas atletas indianas. Porém, esse episódio singular foi incapaz de manchar uma das mais brilhantes carreiras e histórias no levantamento de peso.


Leonid Taranenko nos dias atuais.


Na próxima biografia, será descrita a história do levantador de pesos conhecido como "Urso Russo", Vasily Alexeev. O gigante russo de 1,86m e 160 kg que quebrou, ao todo, 80 recordes mundiais em sua carreira e, além de ter sido um dos melhores levantadores de peso de todos os tempos (alguns dizem que foi o "Pelé" do levantamento de peso), foi também uma das mais carismáticas figuras da modalidade.


Qualquer dúvida ou sugestão, comentem o blog ou enviem um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.


Obrigado!

Rodrigo Dall'Aqua

domingo, 29 de junho de 2008

Levantamento de peso - Força Rápida


Nesse artigo, escreverei sobre a principal capacidade biomotora da força a ser desenvolvida no atleta de levantamento de peso: a Força Rápida. Antes de citarmos a força rápida (força explosiva ou potência), re-lembraremos as modificações dos componentes neurais em relação ao treinamento de força (máxima ou força rápida).

Podemos sintetizar a postagem anterior sobre força máxima citando Sale (2003): "as adaptações* neurais predominam no início do treinamento. Posteriormente, quando alcançam um platô, ocorre a adaptação* muscular" (hipertrofia). *hormese.

Sendo esse conceito de Sale (2003), denominado pelo mesmo de adaptação neural, surge da observação de um aumento da força no início do treinamento com ausência (mensurável) de hipertrofia (aumento da secção transversa do músculo - aumento do tamanho muscular).

Assim, como explicado no artigo anterior, as adaptações de ordem neurais, segundo Häkkinen (2002), envolvem: (a) aumento da velocidade de condução e freqüência dos estímulos nervosos; (b) sincronização de unidades motoras intra e intergrupamentos musculares sinergistas ao movimento. É importante conhecer as alterações neurais relacionadas ao treinamento de força, pois Charniga (2001) cita que as duas capacidades motoras mais exigidas no levantamento de peso são a força máxima e a força rápida (essa sendo a primária, a mais importante).


Força Rápida


De acordo com Bompa (2002); Weineck (2003) e Platonov (2004) força rápida (potência) é a capacidade para realizar um movimento explosivo, no menor tempo possível, resulta da integração de força máxima e velocidade. Para este autor existem dois tipos de potência: acíclica e cíclica. A Potência acíclica é o tipo de potência que não possui um ciclo, ou uma continuação do mesmo, ou seja, há uma quebra de “ritmo” durante a realização do movimento (como por exemplo o arranque e o arrremesso). Já a Potência cíclica é o tipo de potência que já possui um ciclo, o ciclo só é quebrado com o fim do que se deseja realizar.

Ritzdorf (2000) divide a força em grupos de esportes conforme a aplicação da força. O grupo do levantamento de peso é o de esportes com aplicação de força concêntrica de alta intensidade e curta duração. Este se caracteriza por aplicações de força breves e muito potentes, onde os músculos geralmente trabalham de forma puramente concêntrica. Essas atividades geralmente envolvem certa massa (implemento esportivo ou próprio corpo), que deve ser acelerada ao máximo, ou quando a duração do movimento deve tornar-se mínima. O autor ainda diz que a potência não é dimensão independente da força, pelo contrário, é determinada pelo alto nível de força máxima.

Um dos principais métodos de se desenvolver potência (força rápida) é o pliométrico, que, de acordo com Verkhoshansky (2000), é uma forma específica de preparação da força dirigida ao desenvolvimento da força explosiva muscular e da capacidade reativa do sistema neuromuscular.




Exemplo de treino pliométrico para os membros inferiores: (1) queda; (2) impulsão (contato rápido ao solo); (3) salto.

Neste método, o peso da sobrecarga e sua força de inércia não influem tanto no estímulo mecânico externo para a atividade muscular como a energia cinética, acumulada no aparelho ou no corpo do esportista durante a queda de certa altura (0,75 a 1,10 metros). Um estiramento brusco (pliométrico) dos músculos durante a ação de freio do aparelho (ou do corpo) que cai, constitui um fator de estímulo que aumenta a velocidade da posterior contração muscular e diminui a duração da fase de transição do trabalho excêntrico ao concêntrico, ou seja, o músculo irá se contrair com mais força e rapidez a partir da posição de pré-alongamento, sendo que essa fase de encurtamento deve ocorrer imediatamente após a conclusão da fase de pré-alongamento (Bompa, 2004; Verkhoshansky, 2000).

As maiores vantagens do método pliométrico são as seguintes: ele garante um desenvolvimento muito rápido do máximo impulso dinâmico da força e esse valor é superior ao do resto de tipos de trabalho e é alcançado sem utilizar uma sobrecarga suplementar; a transição do trabalho excêntrico ao concêntrico é mais rápido que em outros casos, sendo que o considerável potencial de tensão muscular acumulado na fase de amortecimento e a inexistência de uma sobrecarga suplementar garantem um maior trabalho muscular na fase de impulso e uma maior velocidade de contração muscular, que se manifesta na maior altura do salto depois do impulso (Verkhoshansky, 2000).

Porém, Verkhoshansky (2000) recomenda não utilizar esse método quando o esportista não está completamente restabelecido de lesões nos músculos, nas articulações, nos ligamentos e nos tendões ou quando ele se cansou com a carga anterior. O autor também não aconselha utilizá-lo: na etapa inicial de treinamento atual, quando organismo ainda não está preparado para uma sobrecarga mecânica intensa; na etapa de aperfeiçoamento profundo da técnica do exercício de competição, sobretudo quando ela exige uma modificação de elementos delicados (detalhes) de coordenação; em vésperas de competição e quando o esportista carece de uma técnica racional de execução dos exercícios.



Exemplo de treino pliométrico para os membros superiores com a utilização de uma sobrecarga (medicine ball)


Em relação ao desenvolvimento da potência (força rápida) por meio dos pesos livres, Zenalov (1976) cita que, em relação aos membros inferiores (principais músculos a serem desenvolvidos no levantamento de peso para a obtenção de bons resultados), os exercícios de assistência (como por exemplo o agachamento frontal e o agachamento) são comumente usados objetivando o aumento da força (força máxima e força rápida). Zenalov (1976) explica que os exercícios de agachamento geralmente são realizados com cargas próximas à carga máxima do arremesso ou do arranque (carga inferior ao arremesso), ou seja, mesmo que o atleta consiga agachar com 100 kg a mais, é recomendável que ele realize um maior volume de treino do que uma maior intensidade, devendo assim, diminuir a carga. Isso, explica Deniskin (1981), deve-se ao fato de que, apesar de ser um exercício de extrema importância, esses exercícios contribuem eficazmente apenas para o desenvolvimento da força absoluta, mas possuindo uma pequena eficácia em gerar força explosiva (Vorobeyev, 1977; Medvedyev, 1968; Avenesov, 1970).

Assim, , podemos concluir que, em relação ao levantamento de peso, os exercícios mais recomendados para o desenvolvimento da força rápida são os de competição (arranque e arremesso) e os pliométricos, sendo de extrema importância a correta utilização de ambos em seus devidos períodos de preparação, pois um erro metodológico ou de planejamento poderá ocasionar em uma falha na aquisição da capacidade física mais importante dessa modalidade (e de diversas outras): a força rápida.





O agachamento para atletas de levantamento de peso não necessita ser tão pesado quanto para os levantadores básicos, pois a modalidade exige uma maior força de velocidade (e não força máxima) e, ao mesmo tempo, um agachamento mais profundo (ao contrário do levantamento básico, onde o exercício é realizado até os 90º de flexão).


Ao longo dessa semana, postarei um artigo sobre a última capacidade biomotora da força: a força de resistência, em especial a de resistência hipertrófica.

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Rodrigo Dall'Aqua