Ao postar um artigo sobre esse tema de extrema delicadeza, decidi tomar os devidos cuidados, para que não haja más-interpretações sobre o assunto. Por isso, esse artigo será baseado nas principais referências mundiais sobre o uso de esteróides no esporte. Porém, como disponho de inúmeros artigos sobre esse tema, logicamente, não serei capaz de lê-los em apenas uma ou duas semanas.
O nome "esteróide" é originado de uma palavra grega que significa sólido. O nosso corpo é capaz de produzir mais de 600 tipos diferentes de esteróides, incluindo a testosterona, sendo que a maioria manifesta as atividades do hormônio masculino.
Existem vários motivos que levam uma pessoa a utilizar os esteróides anabólicos. O principal é buscar melhorar o desempenho, principalmente entre os atletas. Porém, cada vez mais não-atletas vem utilizando essas substâncias, objetivando apenas melhorar a aparência e sem ambições em aumentar a performance.
Yesalis afirma que em 1988, nos Estados Unidos, pesquisadores norte-americanos descobriram que aproximadamente 7% dos adolescentes masculinos já tinham usado EAA, sendo que muitos não participavam de atividades esportivas na escola.
O Dr. José Maria Santarem acredita que a situação atual em relação ao uso de EAA é semelhante à que ocorreu com o tabagismo no início do século XIX, ou seja, a utilização por grande número de pessoas aparentando boa saúde tende a estimular a noção de segurança.
Mas a história dos EAA é muito mais antiga. Os antigos gregos faziam uso de cogumelos alucinógenos, e os gladiadores de Roma tomavam estimulantes naturais para superarem a fadiga e os machucados (CATLIN e HATTON, 1991; MILLAR, 1996).
Em relação às pesquisas científicas, Santos (2007) cita que em 1849, um cientista alemão chamado Berthold fez uma experiência simples com seis pássaros, onde mostrou que as mudanças nas penas, ocorridas quando eles foram castrados, poderiam ser prevenidas se os testículos removidos fossem transplantados para dentro da cavidade abdominal. Esse experimento tornou claro que a substância masculinizante ativa estava na corrente sangüínea e não envolvia o SNC (Sistema Nervoso Central), como diziam muitos cientistas no fim do século XVIII.
O dr. Charles Kochakian foi o cientista mais importante na pesquisa hormonal, sendo considerado o pai dos esteróides anabólicos. No início da década de 30, dr. Kochakian demonstrou que o hormônio extraído da urina de machos estimulava forte balanço nitrogenado positivo em cães castrados. Essa pesquisa estabelecia a propriedade anabólica e a construção de tecidos pela testosterona.
Mas foram os alemães, na Segunda Guerra Mundial que desenvolveram os esteróides, experimentando inicialmente em cães, e depois os generais alemães, conscientes de que a testosterona poderia aumentar muito a agressividade no homem, começaram a fornecê-la para as suas tropas que eram enviadas aos campos de batalha. Essa mesma testosterona fora também utilizada para ajudar vítimas dos campos de concentração nazistas. Além de ser usada nos prisioneiros, no intuito de mantê-los saudáveis, porque sofriam de má nutrição significativa (SILVA, DANIESLKI e CZEPIELEWSKI, 2002).
Equipe Nacional da Grécia de Levantamento de Pesos - Esporte que é o mais marcado pelo uso de doping devido à extrema rigorosidade do Anti-doping.
Observamos que cada vez mais os atletas (e não-atletas) estão fazendo uso dessas substâncias. Porém, o que desejo esclarecer com esses artigo, é que, assim como diversas outras drogas (álcool, cigarro, e assim por diante), o esteróide anabolizante pode não ser uma droga maléfica. Mas a falta de informação sim, ela faz com que o uso de qualquer substância possa ser prejudicial.
Sou a favor e contra o uso dessas substâncias. A favor quando o usuário possui o conhecimento, e acima de tudo, possui um objetivo bem delineado, sabendo dos riscos e conseqüências que o uso das mesmas proporcionam. Completamente contra o que acontece atualmente, principalmente no mundo das "academias" (fitness) - prefiro o termo "ginásios" ou "centros de treinamento com pesos" ao termo "academia" - onde os usuários a utilizam sem controle, objetivando única e exclusivamente a melhora da estética (mesmo sem pretensão de competir em fisiculturismo). Alguns (creio que esteja se tornando até epidemia) estão com tanta dismorfia muscular* (falarei sobre esse tema futuramente - também chamado de vigorexia ou anorexia inversa) que utilizam até óleo para aumentar o volume nos braços (principalmente) e panturrilhas.
Percebemos que essa discussão pode gerar muita polêmica. Por isso, espero que os leitores opinem e comentem sobre suas experiências, conhecimentos e postem suas dúvidas. Finalizo uma breve introdução histórica sobre esse assunto, que hoje, infelizmente, anda concomitantemente com o esporte de alto rendimento. No próximo tópico, explicarei como funciona os EAA e como ele age no nosso organismo.
Obrigado!
Rodrigo Dall'Aqua