quinta-feira, 24 de junho de 2010

Preparação Física para Lutadores de MMA - parte II_Treino específico para aquisição de Potência

Amigos leitores, a sessão de treino teve por objetivo o trabalho de força rápida.

Para isso, foram utilizados dois meios: Arremesso em pé 1 (primeira fase do arremesso, sendo o mesmo caracterizado por apenas leve flexão dos joelhos após a puxada) com aproximadamente 90% de 1 repetição máxima do Arremesso 1 (primeira fase do arremesso utilizando o agachamento para diminuir a altura de elevação da barra) + chutes laterais.

Utilizamos também, como ferramenta de treino, músicas de Bach, Verdi, Dvorak e Tchaikovsky, para auxiliar na concentração do atleta. Método que vêm se mostrando de extrema eficácia para a assimilação de técnicas de levantamento de peso.

Primeiramente, utilizamos o agachamento frontal como ferramenta de aquecimento com carga em torno de 70 % de 1RM para aproximadamente 2 repetições - poucas séries. Após fomos para o aquecimento com a barra, realizando movimentos do levantamento de peso.

A sessão de treino caracterizou-se por ser relativamente curta (em torno de 45 minutos) com alta mobilização energética e longa pausa.

Foram 6 séries ao todo, com, em média 2 estímulos de Arremesso em Pé 1 e 10 a 20 segundos de estímulos de chutes laterais (dividos em perna direita e esquerda) que resultavam em 9 a 24 chutes laterais ao todo.

As micro-pausas de 5 a 10" ocorriam após o Arremesso em Pé 1 e na troca de pernas.

A macro-pausa, após o circuito, durou em torno de 3 a 5 minutos.

Observamos que a técnica do atleta no levantamento de peso melhorou muito, embora ele tenha cometido alguns erros, como postura de saída, na puxada e no giro de cotovelos ao fixar a barra nos ombros.

Obrigado,

Rodrigo Dall'Aqua

terça-feira, 22 de junho de 2010

Preparação Física para Lutadores de MMA - parte I

Caros amigos leitores, hoje postarei sobre uma nova experiência que venho vivenciando ultimamente, a de treinar lutadores de MMA, especificamente o lutador Anderson Taquari e o Fábio Silva.
Juntamente com os amigos e colegas de trabalho Rafael Squassoni e Ângelo Schizzi, estamos realizando um trabalho de preparação física para auxiliá-los na aquisição de força-rápida para as lutas.
Postarei 3 vídeos do atleta Taquari (60 kg) treinando Levantamento de Peso.

Nessa parte, enfatizamos muito a aprendizagem da técnica: detalhes como proximidade da barra, puxada, giro de cotovelos são essenciais para o atleta relembrar sempre.

Utilizando as técnicas do LPO, o atleta Taquari levanta a barra com 70 kg, aproximadamente 80% de seu arremesso, no exercício denominado de arremesso em pé 1 (apenas a 1ª fase do arremesso, sem levantar a barra acima da cabeça). Trabalho que utilizamos para aquisição da técnica.

Aqui já estamos em outra sessão, realizando um circuito de aprox. 3' de exercícios (arremesso em pé1 - 60kg na barra, arranque com halter - 24 kg, giro de anilha - 10kg) por 1' de intervalo - eventualmente utilizamos chutes laterais ao fim, mas como o atletas estava fadigado, resolvemos interromper a sessão.

Considerações finais

Sobre as capacidade motoras desenvolvidas durante o levantamento de peso, Stone et al. (2006) consideram óbvio que eles adquirem uma grande força e potência, e citam diversos exemplos de levantadores de peso de elite que são capazes de levantar, sobre a cabeça, cargas três vezes maiores do que seu peso corporal durante o arremesso, sendo que mais de 20 mulheres já levantaram o dobro de seu peso corporal nesse mesmo exercício de competição.

Já em relação à qual capacidade é mais desenvolvida: força máxima ou potência, Charniga Jr. (2001) reporta que um levantador de peso não possui tempo para impor toda sua força máxima para o arranque, pois o tempo real que ele possui para produzir tal força é inferior a 1 segundo. Neste sentido, Garhammer (1993) afirma que pesquisas têm mostrado que o levantamento de peso envolve uma alta produção de potência. Um exemplo dessas pesquisas é o estudo de Fry et al. (2003), onde os autores mostram que levantadores básicos de elite ("powerlifters") são capazes de produzir maiores potências do que indivíduos não treinados. Essas maior capacidade de produzir potência pode, de acordo com os autores, não ser tão grande quanto à observada nos levantadores de peso.

Assim, baseando-se no estudo de Fry et al. (2003), as características musculares que mais contribuem para uma performance de sucesso no levantamento de peso básico aparentam ser: (a) maiores porcentagens de fibras do tipo IIa, porcentagem da área dessas fibras e porcentagem de MHC¹ IIa e (b) uma menor porcentagem de fibras do tipo IIb e porcentagem da área da mesma., características que, de acordo com Fry et al.(2003b), são similares às apresentadas por levantadores de peso.

Levando em consideração o alto volume total de treino de um lutador de alto rendimento de MMA - o que caracteriza um trabalho dos componentes que envolvem a resistência muscular e cardiorespiratória, pois mesmo que na sessão de treino não seja prioridade o desenvolvimento da resistência, mas sim da técnica ou da potência do golpe, ao longo do microciclo (diversas sessões ao dia), ele estará desenvolvendo a resistência. Assim, há a necessidade de que a sessão de treinamento com pesos objetivando a aquisição de potência muscular seja realizada logo no início do dia. E mais, que o treinamento com pesos seja direcionado ao trabalho das fibras IIa e IIb (ou IIx), ou seja, um trabalho específico de recrutamento de Unidades Motoras - pouco trabalhado nas sessões de treino do lutador: treino de Levantamento de Peso!

Futuramente acrescentaremos treinos do atleta Fábio Silva.

Abraços.

Rodrigo Dall'Aqua

Empresas Gaúchas LTDA



Hoje, após um longo período de "inadimplência blogal", retorno às atividades com um tema que está me deixando à beira de um distúrbio neurótico: o "apoio" (ou falta de...) que as empresas de nosso Estado ("meu Rio Grande do Sul, céu, sol, sul...") fornecem ao Esporte (em relação ao Esporte, retira-se tudo o que for vinculado ao futebol e às modalidades já estabelecidas em nosso país, como vôlei, e também as modalidades de classe econômica mais favoráveis, como iatismo e hipismo).




É impressionante o quão tradicionalista o gaúcho há de ser em palavras e quão deixa de ser em suas atitudes.




Em se tratando de esportes, pior. As empresas gaúchas e seus respectivos diretores são meros cantores de música tradicionalista ao "apoiarem" (deixarem de...) os esportistas de nosso Estado. Fazem propagandas de "amor" e de "orgulho", de orgulho do modo de ser do gaúcho, de orgulho de suas raízes, mas quando é hora de agir, de formar gaúchos saudáveis, respeitosos e com ambições de vitórias... aí é tarefa para o GOVERNO. Pobre da Yeda e de quem quer que seja. Com os funcionários públicos que temos.... não todos, mas a maioria é um bando de políticos inescrupulosos. Principalmente os que trabalham em "prol" do esporte.




Mas faz parte da cultura de nosso Estado. Falar de mais. Agir de menos. Talvez isso não venha das raízes da cultura, e fora apenas inserido pela cultura brasileira. Mas o fato é que empresas fortes, de origem gaudéria, são as que mais "enrolam" os órgãos esportivos que buscam apoio, não dizendo "não" no momento, mas sempre protelando essa negativa resposta, dando esperanças para os inexperientes do marketing, mas trabalhadores do esporte.




Tudo isso faz com que eu perca o "orgulho" de ter nascido nesse Estado. Estado que ultimamente tem se mostrado mais brasileiro do que gaúcho. Mais brasileiro ao fato de as emissoras daqui só comentarem futebol. Prestigiarem ídolos que não fazem questão nenhuma de reconhecer suas origens - veja o Ronaldinho "Gaúcho" - Gaúcho só no nome, saiu do Grêmio de modo cínico e traidor.




Mas o que me mantêm as esperanças é que ainda existem pessoas de fora que amam esse Estado mais do que muitos daqui.




quinta-feira, 3 de setembro de 2009

EDUCADORES FÍSICOS LTDA

Após um longo período sem tempo e, principalmente, sem inspirações para escrever, pois como diria Juca de Oliveira: “Estamos, nós, pessoas honestas e íntegras, tão indignados com a situação do mundo moderno, que chegamos a nos acostumar com essa indignação!”, por conseguinte, a comodidade leva à falta de raciocínio, que por sua vez, impede o aparecimento de novas idéias.

Então, ao sair desse estado de indignação total, para uma parcial, aproveitarei o fato de que nessa semana comemorou-se o Dia do Professor de Educação Física para fazer um comentário sobre.

Maldita profissão. Maldito idealismo profissional: “Esporte é Saúde!”.


Não há nexos. Esporte é saúde. Saúde é representada “legalmente” pelo Ministério da Saúde. Mas esse Ministério deveria se chamar de Ministério da Doença, pois cuida dos portadores de Patologias e não chega a lhes promover “saúde” na verdadeira origem da palavra.

Saúde significa um estado homeodinâmico onde todos os aspectos (emocionais, fisiológicos, metabólicos e morfológicos) estejam em estado de equilíbrio. Alguns autores definem como um estado de homeostase, mas no nosso organismo, nada permanece por muito tempo “estático”, nem durante a morte.

Por isso, ao observarmos como são tratados os doentes em nosso país, observamos que o principal objetivo dos médicos é o tratamento momentâneo da doença, mas não há um acompanhamento posterior ao tratamento inicial, ou seja, são poucos os casos onde observamos uma preocupação em realmente curar o paciente, fazê-lo com que ele mude seus hábitos, fornecendo assim, uma grande possibilidade de CURA da doença. Médico não cura, trata. O que promove a cura é um somatório de fatores relacionados ao dia-a-dia do paciente. A cura pode ser resultado do tratamento ou não. Por isso existem as medicinas alternativas. E algumas, estão muito bem embasadas cientificamente.
Mas retornando ao tema em questão, o próprio Educador Físico cria também uma grande divergência quando debate sobre saúde. Alguns afirmam que esporte de alto rendimento não é saúde. Para eles, saúde é “enganar” seu aluno. Prescrever-lhe um treino de 30 minutos de caminhada na esteira por dia, após uma aula “body fitness” e mais 30 minutos de “musculação” com equipamentos “ultra-modernos”, são “cinesiologicamente” estudados para “facilitar” e ao mesmo tempo proporcionar maiores ganhos em menor tempo. Isso é saúde. Assim, podemos ver que “saúde” pode gerar muita “riqueza”.

BODY COMPANY
Mas como diria novamente o grande ator Juca de Oliveira: “faça o que fizer, faça porque você ama os outros, e não para os outros amarem você!”.

Assim, fazendo uma relação dessa brilhante frase que ele aprendeu em sua formação no teatro com a atualidade “fitness”, observamos que essas companhias (...) estão apenas querendo ser amadas, mas não amam seus clientes.



Belas e Falsas verdades.
O ferro ainda ressurgirá das cinzas para mostrar que rendimento e resultados (a nível profissional ou não) são tudo sinônimos de SAÚDE! Saúde também é sinônimo de conhecimento, e sejamos sinceros, esses “fitness” como algumas "academias", são formados de pessoas com tanto conhecimento científico quanto os “ferreiros” de décadas passadas. São tudo um bando de “empiricistas” que possuem a vantagem de se vestirem melhor e de ter um bom papo.


Infelizmente, em nosso Brasil amado, não possuímos muitas pessoas que vêem o treinamento com pesos de uma maneira adequada. Não aplicam os conceitos do treinamento desportivo no “ferro”. Existe periodização para a “musculação” sim. E ela é muito mais complexa do que apenas alterar o treino de 3 x 10 para 3 x 15 ou 4 x 8. Mais complexa do que “periodização ondulada” ou do que simplesmente analisar o treinamento com uma visão fisiológica ou biomecânica do esporte.

Em suma, o que posso concluir da minha querida profissão, é que estamos nos tornando em uma empresa ambulante. Estamos vendendo uma imagem falsa, mas que todos desejam: saúde/rendimento sem esforço!

Não consigo imaginar como é possível não fazer força e ter rendimento. Como não planejar e conseguir manter uma aquisição de resultados após um ano de treino (lembre-se que durante os primeiros 6 meses de treino, os resultados atingidos devem-se mais a uma resposta neural do que estrutural – coordenação).
Como disse Geraldo Vandré: “Ainda fazem da flor, seu mais forte refrão. E acreditam nas flores, vencendo o canhão...Nos quartéis lhes ensinam, uma antiga lição: De morrer pela pátria, E viver sem razão”.



Façamos do ferro nosso mais forte refrão, e que lutemos e vivamos pelos alunos/atletas a serem ensinados, e não por marcas ou modelos a serem seguidos. Que ponhamos em prática tudo aquilo que a ciência estuda (não a ciência falsa – outra que existe muito nas Universidades e Faculdades do Brasil e do mundo, ciência movida... ora, veja... que coincidência??!!... também pelo dinheiro) para aumentarmos o rendimento dele e não para acelerarmos o rodízio de alunos nas academias. Não sejamos hipócritas em dizer que 40 minutos de esteira é essencial para emagrecer, que você pode conseguir altos ganhos em 4 meses de treino, que se você fizer um pacote de 6 meses, ganhará 2 meses, e assim, em 8 meses você terá um “corpo novo”. Sejamos sinceros: “alimentação é o principal!”, depois: disciplina, paciência, planejamento e, pasmem colegas: TREINO! – fazer força. Ser um atleta. Ser atleta, mesmo que profissional, não é uma doença. Lógico que lesões irão aparecer, mas se fores bem orientado, não serão lesões eternas.

Obrigado!
Rodrigo Dall'Aqua
dallaqua@felprs.com.br

quinta-feira, 19 de março de 2009

LPO e Capacidades Cognitivas - Psicológico



A psicologia do esporte é um campo de conhecimento bastante recente que reúne pressupostos psicológicos e da motricidade. Devido à grande expansão e à divulgação dos esportes está ganhando espaço e buscando definir sua identidade.

Segundo Dantas (1995) e Becker Júnior (2000), devemos analisar o atleta não apenas pelo seu preparo físico, técnico e tático, mas principalmente como um indivíduo diferente dos demais, com seus próprios motivos e emoções, sujeito às exigências do meio e respondendo a elas de uma maneira única. Assim, surge a necessidade de se propiciar ao praticante uma perfeita preparação psicológica.

A função do preparo psicológico geral, de acordo com Oleshko (2008) é a formação da individualidade e das qualidades psíquicas e morais específicas, como o foco na atividade esportiva (no caso o levantamento de peso), disciplina, sentimento de responsabilidade em relação à execução dos planos da preparação e aos resultados das competições, laboriosidade (pessoa trabalhadora) e apuro (perfeição).



Weineck (2003) cita alguns métodos de treinamento psicológico para a melhoria do desempenho esportivo, dentre eles, destacamos: os métodos psicológicos para a melhoria da recuperação e aumento da capacidade de desempenho físico (Treinamento Autógeno – TA); os métodos psicológicos para a melhoria do processo de aprendizagem técnica (Treinamento Mental – TM); os métodos psicológicos para eliminar fatores desfavoráveis que influenciam o desempenho esportivo (Hipnose); e formas combinadas (associação de diversos métodos).

Charcot em seus experimentos com a hipnose. A hipnose foi utilizada também por Sigmund Freud, que participou como aluno das demonstrações de Charcot na França. A partir das conclusões retiradas com o uso da hipnose, Freud começou a elaborar o que mais tarde seria denominado de PSICANÁLISE!



Um exemplo do fator psicológico relacionado ao levantamento de peso ocorre quando Oleshko (2008, p.29), ao relatar as fases de movimento do levantamento de arranque, cita: “A primeira, ou seja, a interação do atleta com a barra até o momento de levantá-la da plataforma, inicia-se no momento em que o atleta começa a reunir forças para levantar a barra e termina quando ele inicia o movimento”. Observamos que o levantamento de peso não inicia no momento em que a barra é levantada, mas a partir do momento em que o atleta começa a imaginar e a visualizar mentalmente o movimento que será realizado, ou seja, começa a se concentrar em seu movimento, sendo que o sistema nervoso central (SNC) é o fator limite de rendimento para o exercício (Kayser, 2003). Essa capacidade de concentração, de acordo com Becker Júnior e Samulski (2002), pode ser permanentemente melhorada através de um cuidadoso programa técnico e tático de treinamento, existindo para isso, determinados exercícios corporais e mentais que auxiliam no processo de aumentar essa capacidade.


Charniga Jr. (2004) cita que um dos segredos para o sucesso do levantador de peso é a capacidade de manter o foco, ou seja, ser capaz de manter a concentração em momentos aos quais acontecem situações imprevisíveis como falha no sistema de som, ou uma tentativa com um peso considerado fácil se torna incompleta. Outra capacidade psicológica citada pelo autor é a força da mente, onde ele relata uma situação que ocorreu no campeonato europeu júnior de levantamento de peso em 2004, ao qual um atleta russo de 18 anos largou uma barra de 175 kg em seu pescoço durante o arranque. Após o atendimento, o atleta retornou a plataforma para realizar, com sucesso, três arremessos e terminar em segundo na categoria.



Porém, inúmeros fatores podem contribuir para uma diminuição nessa concentração, como cita Biddle (1983), onde ele destaca a ansiedade como um fator determinante para o desempenho dos levantadores de peso, sendo importante o treinador interpretar e agir da maneira correta para auxiliar o atleta a ter o controle sobre essa ansiedade, que é considerada normal em qualquer nível de competição.



No treinamento de levantamento de peso, a motivação vai sendo formada com a utilização do método competitivo e para regular o estado psicológico às vésperas do levantamento do peso em condições de treinamento ou competição, os treinadores aplicam os três tipos de discurso: orientadores (correção de movimento), estimulantes (aumenta o nível de excitabilidade dos músculos e de manifestação das qualidades físicas do atleta) e com carga de expressão positiva ou negativa (geralmente reflete a relação do treinador com determinada ação competitiva do atleta) (Oleshko, 2008).



Em um cenário no qual a medicina do esporte, os recursos tecnológicos, os avanços e pesquisas nos segmentos de nutrição, suplementação e capacitação física dos atletas atingiram um nível de desenvolvimento e disseminação tão elevados que o recurso extra para um aumento no desempenho para os competidores profissionais passa a remeter a questões emocionais, ou seja: a sua capacidade de gerenciar a ansiedade.



Este auto-controle emocional tem como principal objetivo canalizar o pulso energético para a obtenção de resultados e superação dos limites; evitando que ele se disperse ou congele as formas corporais e emocionais do atletas. Esta dispersão/paralisação pode ser percebida através da própria performance do competidor: a dificuldade de concentração; a lentidão em reagir; o desânimo e a dificuldade de criar alternativas estratégicas para virar o jogo; o surgimento de lesões são algumas conseqüências desta falta de auto-gerenciamento.



Matsumoto e Willingham (2009), ao analisarem cerca de cinco mil fotografias de atletas, sugeriram que as expressões faciais utilizadas para demonstrar emoções são inatas ao ser humano, e não aprendidas ao longo da vida como se acreditava. Nesse estudo, foram analisadas 4.800 fotografias de atletas de judô cegos e com visão normal tiradas em cerimônias de entrega de medalhas. Segundo os pesquisadores, tantos os atletas com deficiência visual como os de visão normal exibiam as mesmas expressões faciais quando conquistavam o primeiro lugar.


Expressões faciais bastante similares também foram observadas entre os que perderam as competições. Essa pesquisa conclui que os vencedores mostravam freqüentemente uma alegria natural com a vitória. Já os que ficaram em segundo lugar curvavam o lábio inferior para cima ou produziam um “sorriso social”, que envolve apenas um movimento da boca indicando mais superficialidade do que espontaneidade. Isto sugere que algo genético é a fonte das expressões faciais de emoção (Matsumoto e Willingham, 2009). Sendo que a correlação entre as expressões faciais dos indivíduos de visão perfeita e as dos deficientes foi quase perfeita.

Por fim, Matsumoto e Willingham (2009), o “sorriso social” ou a curvatura dos lábios para demonstrar emoções negativas pode ter sido um mecanismo desenvolvido pelos humanos ao logo da evolução para evitar gritos, ataques corporais ou ofensas.

http://www.apa.org/journals/releases/psp9611.pdf

Portanto o fator psicológico é decisivo e ocupa o topo da pirâmide de treinamento. Corresponde à lapidação do atleta que deseja melhorar seu rendimento. Uma idéia negativa fora de hora determina a perda da concentração. Assim, o treinamento mental envolve a motivação, o pensamento positivo, a autoconfiança, o autocontrole, o elevado estado de concentração e a agressividade.


Para mais informações ou sugestões, postem um comentário no blog ou enviem um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.
Obrigado!
Rodrigo Dall'Aqua

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Brasil Imperial

Voltando a postar no blog, e celebrando ainda a passagem de ano, venho primeiramente desejar a todos os leitores do blog um “Feliz 2009, e que venham muitos pesos para levantarmos!”. Antes de tudo, gostaria de comunicar que um leitor, mês passado enviou-me uma pergunta sobre os tipos de energia que nosso corpo possui e os modos de gastá-la, mas no dia em que abri minha caixa postal, não li a pergunta toda, mas ao reabri-la no dia seguinte o e-mail já não estava lá. Por isso, ao leitor que me enviou a pergunta, se puderes enviar-me novamente, agradecerei.



Agora comentarei sobre um grande problema em nossa sociedade. O Brasil, como todos sabem, foi colonizado pelos portugueses. Estes, vindo do continente Europeu, mas de cultura diferente da dos germanos, italianos, noruegueses, russos. Povo parecido com o espanhol. Povo sem a cultura da força. Povo sem a cultura da “Guerra”.




Há quem diga que a guarda pessoal do Imperador na época de conquistas na Roma Antiga era composta pelos germanos. Chegavam a ser mais treinados na Arte da Guerra do que os famosos e temidos pretorianos. Os povos bárbaros eram extremamente fortes. e esta designação abrangia tanto os germânicos quanto os hunos, de origem oriental, como os godos, e celtas, e também os gauleses.


Voltando ao Brasil, fomos colonizados por um povo de saqueadores, que não se preocuparam no desenvolvimento da “Nova Terra”. Povo que se desenvolveu graças aos escravos. Os romanos também. Mas os romanos iam para a guerra. Faziam força. Já os portugueses, sentavam em frente a casa, e observavam os escravos realizarem todas as tarefas do dia. Assim, símbolo de fartura e riqueza, ao invés da força e experiência em guerra, passou a ser o volume da barriga. Se o senhor de engenho fosse barrigudo e folgado: - esse é rico porque tem tudo do bom e do melhor sem fazer “esforço”! Se fosse um senhor de engenho magro ou forte: - esse é pobre, pois tem que pôr a “mão na massa!”.



Essa visão foi passada de geração para geração.




Hoje ainda observamos fortes resquícios disso. O Brasil está virado em um país de gordos e fracos. O homem brasileiro está se tornando mais fraco do que a mulher. Considera-se “forte” no Brasil um ator de novela com o abdominal marcado de tanto winstrol, clembuterol e GH ou um “fisiculturista” que põe míseros 100 kg no supino ou não agacha com mais de 100 kg. Não é forte, não nos padrões brasileiros, um homem como o Sr. Valantin Dicul, não visualmente.









Observamos nas escolas que o menino não está desenvolvendo sua força porque fica grande parte do tempo jogando videogame ou no computador. Já a menina, brinca de pular corda, corre, brinca de boneca, faz tudo que precisa para desenvolver sua musculatura. Ainda não entrou na cultura das meninas a atividade de horas e horas jogando um jogo de futebol no videogame. Quando praticam esportes, as gurias jogam vôlei, basquete, caçador, e outros esportes como futebol, esse, o único esporte praticado pelos guris.




Temos que modificar essa cultura. Não é concebível - não nos tempos atuais – acreditar que quem é sedentário e desleixado com seu único instrumento, é esperto, é rico, inteligente. Enquanto aquele que usa e desenvolve seu instrumento, fazendo força, trabalhando, é um estúpido, ignorante, pobre. Hoje sabemos que, se desejarmos enriquecer de modo lícito, teremos que suar muito. Bill Gates não construiu seu império de um dia para o outro. Há poucos modos de ganhar dinheiro sem trabalhar: loteria, programas bestas como o Big Brother, vender seu corpo e assumir um cargo político. Estacionamento também está gerando muito lucro.







Assim, observamos cada vez mais políticos fracos e gordos, pessoas superficiais na telinha – que preferem plástica/maquilagem a treino/dieta. Mas ao procurarmos na história, observaremos que quem segue essa mentalidade vive em países colonizados pelos portugueses, espanhóis ou até pelos ingleses. Nos países com a cultura da guerra, do trabalho, como Rússia, Alemanha, China, Israel, etc., observamos que o forte também é considerado um sábio. Porque eles sabem que a “força bruta” também é uma espécie de sabedoria. Quem pensa que não, é porque nunca treinou para levantar 100 kg sobre a cabeça em um movimento chamado de arremesso.





Os orientais pregam isso há mais de séculos. A mente também é desenvolvida com o trabalho físico. Só nós fomos criados com a mentalidade de que se você praticar esportes demais, irá ser um ignorante. Apesar de que esse fato, no Brasil, é verídico. Observem os níveis de inteligência dos jogadores de futebol mais habilidosos. São muito inteligentes para o que fazem. Para o resto, sem comentários. Mas isso também se deve à nossa fraca educação escolar. Poucos colégios ensinam cultura. Preocupam-se mais em ensinar matérias superficiais que irão cair no vestibular. Consideram mais importante do que a História de heróis do passado e do presente. Não aprendemos sobre a história de Mandela, dos Pracinhas que representaram o Brasil na II Guerra Mundial. Isso não é matéria de vestibular!




Pretendo, com esse texto, mudar um pouco o conceito/imagem que a população que não pratica treinamento com pesos possui sobre o levantador de peso, sobre o atleta de força. Claro que, devido a tudo que foi citado anteriormente, no Brasil existem muitos “atletas de espelho” que degredem a imagem dos verdadeiros atletas, ou usando uma quantidade absurda de esteróides – alguns injetam até óleo no braço para deixá-lo maior! – ou arrumando brigas com “todo mundo” – “todo mundo” que é menor e mais fraco do que ele, porque quando o adversário possui uma “carcaça” eles desistem - para aparecer ou se mostrar para alguém.



Dúvidas ou informações, postem comentários ou enviem um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.



Obrigado!

Rodrigo Dall'Aqua

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Treinamento com pesos e o cérebro humano


O mundo, assim como nós, está em constante mudança. Fazer predições sobre o que acontecerá com você ao realizar alguma tarefa (e corrigir essas predições baseando-se no que está atualmente acontecendo) é assim, de importância vital. Uma teoria bem influente defende que o cérebro resolve esse desafio através do uso dos seguintes modelos: quando você segura um objeto, a antecipada aplicação da força sensorial de sua ação é comparada a real que você aplica. Se há um erro, ou seja, se você pensou que o objeto fosse mais pesado, um sinal de correção é mandado de volta para o córtex motor para rapidamente adaptar o comando à nova carga (carga real).
Apesar disso, existem diversas evidências psico-físicas para os seguintes modelos (para revisão, veja Wolpert e Ghahramani, 2000), e o conceito pode ser ampliado para se explicar até mais algumas formas de comportamento psiquiátrico (Frith et al., 2000), mas a arquitetura neural responsável para essas computações ainda não está completamente compreendida. Jenmalm et al. (2006) vêm contribuindo significativamente para esse tema usando ressonância magnética funcional por imagem em um estudo recentemente publicado no “Journal of Neuroscience”.

Nesse estudo, os autores instruíram os participantes a levantar um objeto com sua mão direita e utilizando as pontas de seus dedos e polegares. Em algumas sessões, o peso do objeto mudou de modo imprevisível: um objeto pesado se tornava mais leve e um objeto leve ficava mais pesado.
Estas alterações foram efetuadas através da adição ou remoção de um peso extra, fora dos “scanners”, que estavam ligados ao objeto que tinha que ser levantado. Durante o experimento, os sinais de força e de posição, bem como a aquisição de todos os tempos foram registradas simultaneamente.

Este sofisticado protocolo de experimento permitiu aos autores comparar o desempenho comportamental e atividade cerebral relacionado com o resultado da imagem feita pela ressonância magnética durante as tentativas de levantamento em que a carga fora modificada e quando o peso não foi alterado.

De um ponto de vista teórico, quando o peso muda inesperadamente, o predito “feedback” sensorial e os reais “feedback” sensoriais não correspondem. Portanto, o módulo comparando os preditos “feedback” sensorial e real vai gerar um sinal de erro.


As mudanças de peso levam a um aumento da atividade no córtex parietal inferior direito (Jenmalm et al., 2006). Um estudo anterior mostra que a ruptura da região parietal posterior do córtex por meio de estimulação magnética trans-craniana interfere com a capacidade de corrigir rapidamente um movimento na base de novas informações sensoriais (Desmurget et al., 1999).

Houve, também, diferenças na atividade cerebral que eram específicas para a questão da modificação da carga. O sensório principal do córtex motor esquerdo tornou-se mais ativo quando o peso foi aumentado, e menos ativo quando o peso foi diminuído (Jenmalm et al., 2006). O cerebelo direito tinha um papel oposto inibitório: ele tornou-se mais ativo quando o peso foi diminuído e menos ativo quando o peso foi aumentado (Jenmalm et al., 2006). Estas atividades provavelmente refletem a real força de correções da mão direita que tinham que ser realizadas e suas conseqüências sensoriais.

Isto é consistente com os papéis excitatórios e inibitórios dos sensores primários do córtex e cerebelo, respectivamente, no controle de movimentos.



Ou seja, em qualquer situação do treino, a coordenação sensorial (adaptação neural) sempre é trabalhada. Porém, muitos treinadores esquecem esse componente do treinamento. Lembram apenas das valências físicas e do sistema metabólico. As variáveis do treinamento para eles consistem em: força, velocidade, resistência e suas subdivisões; e aeróbio, anaeróbio lático e anaeróbio alático.

Mas ao observarmos que, para uma situação (aumento da carga) como para outra inversa (diminuição da carga), há uma adaptação neural que, por sua vez, leva a uma adaptação metabólica e morfológica.

O treinamento, seja qual for, nada mais é do que estímulos que levam a adaptações neurais, metabólicas e morfológicas. Por isso, a técnica dos exercícios deve ser muito bem trabalhada.



Não observamos, nas ditas “academias”, um trabalho de técnica dos exercícios. Você pode até argumentar que um exercício de supino ou uma rosca direta são exercícios de aprendizagem moderada a fácil e, por isso, não é necessário esse tipo de trabalho por um longo tempo. Mas pense bem. Um atleta campeão olímpico de levantamento de peso, mesmo nos quatro anos posteriores a sua conquista da medalha de ouro, treina técnica em torno de 20 a 40% do volume total de treino (Roman, 1986). Será que nós, meros mortais, não devemos também treinar dando ênfase na coordenação intra e intermuscular? Não devemos direcionar nosso treinamento, em certos momentos do ano, para uma adaptação neural?

Infelizmente, para 90% dos praticantes de treinamento com pesos no Brasil preocupam-se apenas em trabalhar, principalmente, a parte estética. O mais importante, o rendimento, fica em segundo ou em terceiro plano.

Na tentativa de mudar esse conceito, postarei futuramente alguns artigos sobre dismorfia muscular (anorexia e vigorexia), distúrbios psicológicos em relação à composição corporal (estética).

Qualquer dúvida ou sugestão, postem comentários ou enviem por e-mail para rdallsantos@hotmail.com.
Obrigado!
Rodrigo Dall’Aqua