domingo, 3 de agosto de 2008

Variáveis infinitas do treinamento e do esporte




Antecedendo aos XXIX Jogos Olímpicos de Pequim, na China, sinto-me obrigado, a mais uma vez, comentar sobre o que considero ser o mais importante tema do Esporte: as incontáveis variáveis que fazem dele, ser uma das Ciências mais complexas da atualidade.

Não digo isso porque trabalho com o mesmo. Digo isso porque realmente é um fato. O esporte é estudado pela Medicina, Bioquímica, Química, Fisiologia, Mecânica, Biomecânica, Matemática... Ciências Naturais a Sociais, passando pelas Biológicas e indo até o campo da Metafísica e outras alucinações e ciências as quais são poucos os capazes de compreendê-las com exatidão (ou não!).

O esporte está se desenvolvendo de uma forma tão rápida e assustadora que, já não pode ser lidado como uma só grandeza, mas com um somatório deveras complexo de inúmeras variáveis atuando simultaneamente – muitas delas desconhecidas ou não computáveis.

Para citarmos uma variável, podemos dizer que o esporte está se desenvolvendo de acordo com o desenvolvimento da tecnologia – que por sua vez, está em uma velocidade de transformação absurda, mas tão absurda que hoje, como diz Gaiarsa, podemos ter a audácia de nos compararmos a “Deus” em certos aspectos, como estarmos presentes em “todos” os lugares o tempo “todo” (onipresentes) e também saber e ver “tudo” o que acontece no “Universo” (oniscientes).

Se não fosse a evolução da tecnologia, não seríamos capazes de percorrer 100 metros abaixo dos 10s, talvez perto dos 9,90s, mas não mais rápido do que isso. A tecnologia desenvolve pista adequada, sapatilha adequada, treinamento adequado... e até os recursos ergogênicos adequados para percorrermos essa distância em 9,74s – Tyson Gay correu em 9,69s, mas como o vento estava muito forte, não foi considerado quebra de recorde. MAS ACREDITAR QUE UM SER HUMANO POSSA CORRER 100 METROS EM 9,69s E NÃO ESTAR DOPADO! É QUERER MUITO DE UM ESPECIALISTA DO ASSUNTO.

Tyson Gay (9,69s a favor do vento) - Usain Bolt (9,72s - recorde mundial)

Ainda assim, a imprensa até hoje critica e crucifixa o jamaicano naturalizado canadense Ben Johnson por ter utilizado Estanozolol nas Olimpíadas de Seul, em 1988. Mas pergunto: dos que estavam competindo contra ele naquela prova, existe alguém que estava limpo? Ou que não tivesse utilizado alguma substância em algum momento da preparação? Lembrando que o ciclo de preparação de um atleta olímpico é, geralmente, maior do que dos jogadores de futebol. Se naquela época tenho minhas dúvidas se alguém competia sem auxílio de alguma substância, imaginem hoje, onde todos os 8 finalistas da prova dos 100 metros rasos realizam marcas impressionantes!

Apenas citei uma modalidade de um esporte. Acredito fielmente que todos os esportes, sem exceção, são semelhantes. Talvez esteja arrumando confusão com algo ou alguém. Mas essa opinião está formada, e até que me provem o contrário, não a trocarei por nada. Ninguém é “santo” em um negócio que rende muita grana (ao menos fora do Brasil).



Hoje ninguém é mais queimado na fogueira (se fosse assim... ai de mim!). Mas o castigo dos especuladores no mundo científico é a perda de emprego na Universidade, perda dos fundos da pesquisa, perda do respeito de seus iguais (todos temerosos da horda) e a impossibilidade de publicar suas heresias nos periódicos... ortodoxos!




A comunidade científica é uma forma atual da Inquisição, a qual possui como aliados, a comunidade dos jornalistas, farmacêuticos, médicos... – entramos novamente na famosa “Teoria da Conspiração de Dall’Aqua”. E você, leitor, não imagina as atrocidades que já foram cometidas por ela – e que continuam a ser cometidas. Lógico que a comunidade científica é governada por uma curiosidade, um desejo de brincar com as coisas, uma atividade de observação e um gosto pelas experiências tão elogiáveis – e de regra bem pagas! Mas, nas sombras, governada também pelo orgulho, pela competição por fama e prestígio, por uma inveja e uma agressividade feroz contra a “especulação” – agressividade à qual se dá o nome de crítica... “objetiva”!

Retornando ao tema da coluna, podemos observar que apenas uma variável do treinamento (que formalmente não pode ser encontrada no treinamento, mas que todos nós – especialistas – sabemos que se encontra) - a variável dos recursos ergogênicos do doping - pode provocar uma tremenda de uma discussão, imagina se resolvesse comentar sobre todas as variáveis que estou, neste exato momento, pensando! Deixarei para comentar posteriormente.



Mas, independente da variável a ser questionada, ao adquirirmos o conhecimento de que existem diversos fatores que podem influenciar na conquista ou não de uma medalha olímpica, a pergunta que fica na cabeça de cada treinador é: como orientar-me nesse caos?



De certo modo, caos para a sociedade significa ausência completa da possibilidade de orientação baseada em conhecimentos – ou preconceitos – do passado, na “sabedoria ancestral” ou mesmo em instintos.

Para melhor compreensão, podemos analisar que até a metade do século XX, “a” verdade era única, linear, “eterna”, genérica e totalmente fora do tempo – e da realidade – que é um acontecer e não uma coisa. Assim, o Esporte surgiu e se desenvolveu assim também. O problema é que muitos esportes (ou quase todos) teimam em continuar assim. Não evoluem. Evoluem as marcas, os recordes. Mas o contexto ainda permanece o mesmo. São poucos esportes que se re-estruturaram com o passar do tempo – os americanos são campeões nisso: “replays” para os juízes; vários juízes em uma minúscula quadra de basquetebol; inúmeros atrativos para o público (o estado do Arizona lucrou US$500 milhões para apenas sediar a final do “Superbowl” – a grande final do futebol americano – leiam no site: http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/0,,MUL414090-7988,00.html).

Ao olharmos para o nosso futebol, percebemos completa “paralisia espaço-temporal”. Continua lucrando. Mas porque foi capaz de atingir os países mais pobres (como o nosso Brasil), onde o povo se contenta em assistir a uma partida de futebol em pé, sem conforto e sendo extorquido pelos vendedores no estádio. Nos países mais ricos também gera lucro, mas em atividades ilegais - não irei nem comentar sobre os "russos" que estão assumindo diversos clubes - novamente: "Teoria da Conspiração", adaptada por Dall'Aqua. Mas enquanto esse esporte ainda render aos cofres de poucos “espertos”, ele continuará sendo o mesmo.

Concluindo, essas variáveis do treinamento são estruturadas e organizadas em inúmeros setores também. Não adianta um atleta utilizar diversas substâncias, treinar pesado o ano todo, e na hora da competição, não ser patrocinado por uma “marca x” que possa mascarar as “tais” substâncias utilizadas por ele – “Teoria da Conspiração de Dall’Aqua”. Acabarei por aqui, para evitar complicações futuras, pois ainda pretendo trabalhar em uma Faculdade ou Universidade, realizar pesquisas e ser um cientista.
Agradeço sua leitura.
Para mais informações, opiniões ou críticas, comente o blog ou envie um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.

Obrigado!
Rodrigo Dall’Aqua