domingo, 31 de agosto de 2008

Levantamento de Peso: capacidades motoras gerais - resistência de força


Retornando às capacidades motoras do Levantamento de peso, comentarei sobre uma capacidade biomotora não tão determinante para o desempenho nessa modalidade, mas que com certeza é essencial, de um modo indireto, para o desempenho esportivo: a resistência de força, em especial a denominada “força de resistência hipertrófica” (Häkkinen, 2002)

Verkhoshanski (2001) define resistência como “uma capacidade de realizar o trabalho muscular sem perder sua efetividade e durante um tempo prolongado”, e cita as várias formas de resistência (resistência de força, de velocidade, a resistência estática, dinâmica, etc.).

Adaptações estruturais (Hipertrofia) ocorrem em um segundo momento (ou seja, após as neurais), como resultado da exposição continuada ao treinamento da força muscular. Essa hipertrofia pode ocorrer de maneira seletiva (em determinados tipos de unidade motora, de acordo com a ênfase do treinamento), e pode ser resultado do aumento da quantidade de proteína não-contrátil (sarcoplasmática) e/ou contrátil (Siff e Verkhoshansky, 1998).




Usualmente, diversos autores relatam métodos voltados para a hipertrofia muscular. Entretanto, como citam Ide e Lopes (2008), identifica-se certa incoerência quanto ao objetivo metodológico, pois a hipertrofia em si não se trata de uma capacidade biomotora, mas de uma adaptação morfológica caracterizada pelo aumento da área fisiológica em corte transversal (AFCT) do músculo. Devemos compreender que todos os programas de força resultam em um grau de hipertrofia muscular, porém, determinadas combinações dessas variáveis enfatizarão esses ganhos em um maior grau do que outras (Fleck, 2002). Devido a isso, alguns autores denominam muitas vezes o protocolo com ênfase a tal propósito de “força hipertrófica” ou “resistência de força hipertrófica” (Kraemer e Häkkinen, 2004).

Citarei nesse texto como força de resistência hipertrófica apenas para o leitor diferenciar com uma maior facilidade o treino de resistência de força (séries com um número alto de repetições – acima de 15 ou 20 repetições, ou seja, séries que proporcionarão uma maior resistência muscular) e o treino de resistência hipertrófica (séries com um menor número de repetições – entre 6 a 15, séries às quais gerarão maiores micro-traumas na fibra muscular).

Ao citarmos a resistência de força, podemos dizer que é a capacidade de manter grandes níveis de força durante o maior tempo possível. O nível da força resistente se traduz pela capacidade do atleta de vencer a fadiga, realizando um grande número de repetições de movimentos, ou por uma aplicação prolongada da força contra uma resistência externa (Platonov, 2004).





Em relação à hipertrofia esquelética, podemos defini-la como uma adaptação morfológica decorrente do aumento da área fisiológica em corte transversal do músculo (AFCT). Paul e Rosenthal (2002) afirmam que o conceito envolve um incremento tanto no número de núcleos, como no volume citoplasmático, o que conseqüentemente acaba incorporando parte da definição de hiperplasia muscular, cuja definição é dada como um aumento no número de células, decorrente da fusão entre as células satélites (Hawke, 2001; Ide e Lopes, 2008; Paul et al., 2002).

Assim, ao analisarmos o treinamento com o objetivo de aumentar a massa muscular, geralmente é usada a carga de intensidade moderada e mais repetições (Kraemer et al. 1996). Entretanto, em diversas fases do treinamento, cargas elevadas e poucas repetições podem realçar uma resposta da hipertrofia, caso a intensidade do treinamento for mais tarde reduzida com a inclusão de um descanso adequado (Fleck e Kraemer, 2006). Deschenes e Kraemer (2002) afirmam que as adaptações neurais podem permitir o uso de cargas intensas para um dado número de repetições, de tal modo que se aumente também o estímulo hipertrófico.


A hipertrofia pode ser sarcoplasmática (aumento no tamanho do sarcoplasma) ou miofibrilar (aumento no número de núcleos - chamada "hiperplasia")


Oleshko (2008) cita que os levantadores de peso desenvolvem a resistência de uma maneira especial para a modalidade, ou seja, através de um aumento gradual no número de repetições de cada série e, principalmente, com o aumento das séries de cada sessão, para que então, eles possam suportar um alto volume de treino. Porém, vale salientar que, de acordo com o autor, o alto desenvolvimento da resistência afeta negativamente o desenvolvimento da força, e vice-versa.

No próximo artigo, citarei exemplos práticos para se treinar cada uma dessas capacidades biomotoras: força máxima, força rápida e resistência de força. Através de protocolos de treino, o leitor será capaz de programar um treino para si, logicamente, com um auxílio de um profissional capacitado.
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