Após um longo período sem tempo e, principalmente, sem inspirações para escrever, pois como diria Juca de Oliveira: “Estamos, nós, pessoas honestas e íntegras, tão indignados com a situação do mundo moderno, que chegamos a nos acostumar com essa indignação!”, por conseguinte, a comodidade leva à falta de raciocínio, que por sua vez, impede o aparecimento de novas idéias.
Então, ao sair desse estado de indignação total, para uma parcial, aproveitarei o fato de que nessa semana comemorou-se o Dia do Professor de Educação Física para fazer um comentário sobre.
Maldita profissão. Maldito idealismo profissional: “Esporte é Saúde!”.
Então, ao sair desse estado de indignação total, para uma parcial, aproveitarei o fato de que nessa semana comemorou-se o Dia do Professor de Educação Física para fazer um comentário sobre.
Maldita profissão. Maldito idealismo profissional: “Esporte é Saúde!”.
Não há nexos. Esporte é saúde. Saúde é representada “legalmente” pelo Ministério da Saúde. Mas esse Ministério deveria se chamar de Ministério da Doença, pois cuida dos portadores de Patologias e não chega a lhes promover “saúde” na verdadeira origem da palavra.
Saúde significa um estado homeodinâmico onde todos os aspectos (emocionais, fisiológicos, metabólicos e morfológicos) estejam em estado de equilíbrio. Alguns autores definem como um estado de homeostase, mas no nosso organismo, nada permanece por muito tempo “estático”, nem durante a morte.
Por isso, ao observarmos como são tratados os doentes em nosso país, observamos que o principal objetivo dos médicos é o tratamento momentâneo da doença, mas não há um acompanhamento posterior ao tratamento inicial, ou seja, são poucos os casos onde observamos uma preocupação em realmente curar o paciente, fazê-lo com que ele mude seus hábitos, fornecendo assim, uma grande possibilidade de CURA da doença. Médico não cura, trata. O que promove a cura é um somatório de fatores relacionados ao dia-a-dia do paciente. A cura pode ser resultado do tratamento ou não. Por isso existem as medicinas alternativas. E algumas, estão muito bem embasadas cientificamente.
Mas retornando ao tema em questão, o próprio Educador Físico cria também uma grande divergência quando debate sobre saúde. Alguns afirmam que esporte de alto rendimento não é saúde. Para eles, saúde é “enganar” seu aluno. Prescrever-lhe um treino de 30 minutos de caminhada na esteira por dia, após uma aula “body fitness” e mais 30 minutos de “musculação” com equipamentos “ultra-modernos”, são “cinesiologicamente” estudados para “facilitar” e ao mesmo tempo proporcionar maiores ganhos em menor tempo. Isso é saúde. Assim, podemos ver que “saúde” pode gerar muita “riqueza”.
BODY COMPANY
Mas como diria novamente o grande ator Juca de Oliveira: “faça o que fizer, faça porque você ama os outros, e não para os outros amarem você!”.
Assim, fazendo uma relação dessa brilhante frase que ele aprendeu em sua formação no teatro com a atualidade “fitness”, observamos que essas companhias (...) estão apenas querendo ser amadas, mas não amam seus clientes.
Assim, fazendo uma relação dessa brilhante frase que ele aprendeu em sua formação no teatro com a atualidade “fitness”, observamos que essas companhias (...) estão apenas querendo ser amadas, mas não amam seus clientes.
Belas e Falsas verdades.
O ferro ainda ressurgirá das cinzas para mostrar que rendimento e resultados (a nível profissional ou não) são tudo sinônimos de SAÚDE! Saúde também é sinônimo de conhecimento, e sejamos sinceros, esses “fitness” como algumas "academias", são formados de pessoas com tanto conhecimento científico quanto os “ferreiros” de décadas passadas. São tudo um bando de “empiricistas” que possuem a vantagem de se vestirem melhor e de ter um bom papo.
Infelizmente, em nosso Brasil amado, não possuímos muitas pessoas que vêem o treinamento com pesos de uma maneira adequada. Não aplicam os conceitos do treinamento desportivo no “ferro”. Existe periodização para a “musculação” sim. E ela é muito mais complexa do que apenas alterar o treino de 3 x 10 para 3 x 15 ou 4 x 8. Mais complexa do que “periodização ondulada” ou do que simplesmente analisar o treinamento com uma visão fisiológica ou biomecânica do esporte.
Em suma, o que posso concluir da minha querida profissão, é que estamos nos tornando em uma empresa ambulante. Estamos vendendo uma imagem falsa, mas que todos desejam: saúde/rendimento sem esforço!
Não consigo imaginar como é possível não fazer força e ter rendimento. Como não planejar e conseguir manter uma aquisição de resultados após um ano de treino (lembre-se que durante os primeiros 6 meses de treino, os resultados atingidos devem-se mais a uma resposta neural do que estrutural – coordenação).
Façamos do ferro nosso mais forte refrão, e que lutemos e vivamos pelos alunos/atletas a serem ensinados, e não por marcas ou modelos a serem seguidos. Que ponhamos em prática tudo aquilo que a ciência estuda (não a ciência falsa – outra que existe muito nas Universidades e Faculdades do Brasil e do mundo, ciência movida... ora, veja... que coincidência??!!... também pelo dinheiro) para aumentarmos o rendimento dele e não para acelerarmos o rodízio de alunos nas academias. Não sejamos hipócritas em dizer que 40 minutos de esteira é essencial para emagrecer, que você pode conseguir altos ganhos em 4 meses de treino, que se você fizer um pacote de 6 meses, ganhará 2 meses, e assim, em 8 meses você terá um “corpo novo”. Sejamos sinceros: “alimentação é o principal!”, depois: disciplina, paciência, planejamento e, pasmem colegas: TREINO! – fazer força. Ser um atleta. Ser atleta, mesmo que profissional, não é uma doença. Lógico que lesões irão aparecer, mas se fores bem orientado, não serão lesões eternas.
Obrigado!
Rodrigo Dall'Aqua
dallaqua@felprs.com.br