quinta-feira, 3 de setembro de 2009

EDUCADORES FÍSICOS LTDA

Após um longo período sem tempo e, principalmente, sem inspirações para escrever, pois como diria Juca de Oliveira: “Estamos, nós, pessoas honestas e íntegras, tão indignados com a situação do mundo moderno, que chegamos a nos acostumar com essa indignação!”, por conseguinte, a comodidade leva à falta de raciocínio, que por sua vez, impede o aparecimento de novas idéias.

Então, ao sair desse estado de indignação total, para uma parcial, aproveitarei o fato de que nessa semana comemorou-se o Dia do Professor de Educação Física para fazer um comentário sobre.

Maldita profissão. Maldito idealismo profissional: “Esporte é Saúde!”.


Não há nexos. Esporte é saúde. Saúde é representada “legalmente” pelo Ministério da Saúde. Mas esse Ministério deveria se chamar de Ministério da Doença, pois cuida dos portadores de Patologias e não chega a lhes promover “saúde” na verdadeira origem da palavra.

Saúde significa um estado homeodinâmico onde todos os aspectos (emocionais, fisiológicos, metabólicos e morfológicos) estejam em estado de equilíbrio. Alguns autores definem como um estado de homeostase, mas no nosso organismo, nada permanece por muito tempo “estático”, nem durante a morte.

Por isso, ao observarmos como são tratados os doentes em nosso país, observamos que o principal objetivo dos médicos é o tratamento momentâneo da doença, mas não há um acompanhamento posterior ao tratamento inicial, ou seja, são poucos os casos onde observamos uma preocupação em realmente curar o paciente, fazê-lo com que ele mude seus hábitos, fornecendo assim, uma grande possibilidade de CURA da doença. Médico não cura, trata. O que promove a cura é um somatório de fatores relacionados ao dia-a-dia do paciente. A cura pode ser resultado do tratamento ou não. Por isso existem as medicinas alternativas. E algumas, estão muito bem embasadas cientificamente.
Mas retornando ao tema em questão, o próprio Educador Físico cria também uma grande divergência quando debate sobre saúde. Alguns afirmam que esporte de alto rendimento não é saúde. Para eles, saúde é “enganar” seu aluno. Prescrever-lhe um treino de 30 minutos de caminhada na esteira por dia, após uma aula “body fitness” e mais 30 minutos de “musculação” com equipamentos “ultra-modernos”, são “cinesiologicamente” estudados para “facilitar” e ao mesmo tempo proporcionar maiores ganhos em menor tempo. Isso é saúde. Assim, podemos ver que “saúde” pode gerar muita “riqueza”.

BODY COMPANY
Mas como diria novamente o grande ator Juca de Oliveira: “faça o que fizer, faça porque você ama os outros, e não para os outros amarem você!”.

Assim, fazendo uma relação dessa brilhante frase que ele aprendeu em sua formação no teatro com a atualidade “fitness”, observamos que essas companhias (...) estão apenas querendo ser amadas, mas não amam seus clientes.



Belas e Falsas verdades.
O ferro ainda ressurgirá das cinzas para mostrar que rendimento e resultados (a nível profissional ou não) são tudo sinônimos de SAÚDE! Saúde também é sinônimo de conhecimento, e sejamos sinceros, esses “fitness” como algumas "academias", são formados de pessoas com tanto conhecimento científico quanto os “ferreiros” de décadas passadas. São tudo um bando de “empiricistas” que possuem a vantagem de se vestirem melhor e de ter um bom papo.


Infelizmente, em nosso Brasil amado, não possuímos muitas pessoas que vêem o treinamento com pesos de uma maneira adequada. Não aplicam os conceitos do treinamento desportivo no “ferro”. Existe periodização para a “musculação” sim. E ela é muito mais complexa do que apenas alterar o treino de 3 x 10 para 3 x 15 ou 4 x 8. Mais complexa do que “periodização ondulada” ou do que simplesmente analisar o treinamento com uma visão fisiológica ou biomecânica do esporte.

Em suma, o que posso concluir da minha querida profissão, é que estamos nos tornando em uma empresa ambulante. Estamos vendendo uma imagem falsa, mas que todos desejam: saúde/rendimento sem esforço!

Não consigo imaginar como é possível não fazer força e ter rendimento. Como não planejar e conseguir manter uma aquisição de resultados após um ano de treino (lembre-se que durante os primeiros 6 meses de treino, os resultados atingidos devem-se mais a uma resposta neural do que estrutural – coordenação).
Como disse Geraldo Vandré: “Ainda fazem da flor, seu mais forte refrão. E acreditam nas flores, vencendo o canhão...Nos quartéis lhes ensinam, uma antiga lição: De morrer pela pátria, E viver sem razão”.



Façamos do ferro nosso mais forte refrão, e que lutemos e vivamos pelos alunos/atletas a serem ensinados, e não por marcas ou modelos a serem seguidos. Que ponhamos em prática tudo aquilo que a ciência estuda (não a ciência falsa – outra que existe muito nas Universidades e Faculdades do Brasil e do mundo, ciência movida... ora, veja... que coincidência??!!... também pelo dinheiro) para aumentarmos o rendimento dele e não para acelerarmos o rodízio de alunos nas academias. Não sejamos hipócritas em dizer que 40 minutos de esteira é essencial para emagrecer, que você pode conseguir altos ganhos em 4 meses de treino, que se você fizer um pacote de 6 meses, ganhará 2 meses, e assim, em 8 meses você terá um “corpo novo”. Sejamos sinceros: “alimentação é o principal!”, depois: disciplina, paciência, planejamento e, pasmem colegas: TREINO! – fazer força. Ser um atleta. Ser atleta, mesmo que profissional, não é uma doença. Lógico que lesões irão aparecer, mas se fores bem orientado, não serão lesões eternas.

Obrigado!
Rodrigo Dall'Aqua
dallaqua@felprs.com.br