Segundo Dantas (1995) e Becker Júnior (2000), devemos analisar o atleta não apenas pelo seu preparo físico, técnico e tático, mas principalmente como um indivíduo diferente dos demais, com seus próprios motivos e emoções, sujeito às exigências do meio e respondendo a elas de uma maneira única. Assim, surge a necessidade de se propiciar ao praticante uma perfeita preparação psicológica.
Charniga Jr. (2004) cita que um dos segredos para o sucesso do levantador de peso é a capacidade de manter o foco, ou seja, ser capaz de manter a concentração em momentos aos quais acontecem situações imprevisíveis como falha no sistema de som, ou uma tentativa com um peso considerado fácil se torna incompleta. Outra capacidade psicológica citada pelo autor é a força da mente, onde ele relata uma situação que ocorreu no campeonato europeu júnior de levantamento de peso em 2004, ao qual um atleta russo de 18 anos largou uma barra de 175 kg em seu pescoço durante o arranque. Após o atendimento, o atleta retornou a plataforma para realizar, com sucesso, três arremessos e terminar em segundo na categoria.
No treinamento de levantamento de peso, a motivação vai sendo formada com a utilização do método competitivo e para regular o estado psicológico às vésperas do levantamento do peso em condições de treinamento ou competição, os treinadores aplicam os três tipos de discurso: orientadores (correção de movimento), estimulantes (aumenta o nível de excitabilidade dos músculos e de manifestação das qualidades físicas do atleta) e com carga de expressão positiva ou negativa (geralmente reflete a relação do treinador com determinada ação competitiva do atleta) (Oleshko, 2008).
Este auto-controle emocional tem como principal objetivo canalizar o pulso energético para a obtenção de resultados e superação dos limites; evitando que ele se disperse ou congele as formas corporais e emocionais do atletas. Esta dispersão/paralisação pode ser percebida através da própria performance do competidor: a dificuldade de concentração; a lentidão em reagir; o desânimo e a dificuldade de criar alternativas estratégicas para virar o jogo; o surgimento de lesões são algumas conseqüências desta falta de auto-gerenciamento.
Matsumoto e Willingham (2009), ao analisarem cerca de cinco mil fotografias de atletas, sugeriram que as expressões faciais utilizadas para demonstrar emoções são inatas ao ser humano, e não aprendidas ao longo da vida como se acreditava. Nesse estudo, foram analisadas 4.800 fotografias de atletas de judô cegos e com visão normal tiradas em cerimônias de entrega de medalhas. Segundo os pesquisadores, tantos os atletas com deficiência visual como os de visão normal exibiam as mesmas expressões faciais quando conquistavam o primeiro lugar.
Expressões faciais bastante similares também foram observadas entre os que perderam as competições. Essa pesquisa conclui que os vencedores mostravam freqüentemente uma alegria natural com a vitória. Já os que ficaram em segundo lugar curvavam o lábio inferior para cima ou produziam um “sorriso social”, que envolve apenas um movimento da boca indicando mais superficialidade do que espontaneidade. Isto sugere que algo genético é a fonte das expressões faciais de emoção (Matsumoto e Willingham, 2009). Sendo que a correlação entre as expressões faciais dos indivíduos de visão perfeita e as dos deficientes foi quase perfeita.
Por fim, Matsumoto e Willingham (2009), o “sorriso social” ou a curvatura dos lábios para demonstrar emoções negativas pode ter sido um mecanismo desenvolvido pelos humanos ao logo da evolução para evitar gritos, ataques corporais ou ofensas.
http://www.apa.org/journals/releases/psp9611.pdf
Portanto o fator psicológico é decisivo e ocupa o topo da pirâmide de treinamento. Corresponde à lapidação do atleta que deseja melhorar seu rendimento. Uma idéia negativa fora de hora determina a perda da concentração. Assim, o treinamento mental envolve a motivação, o pensamento positivo, a autoconfiança, o autocontrole, o elevado estado de concentração e a agressividade.