domingo, 27 de abril de 2008

Esporte & Meditação


Hoje abordarei um tema novo para mim, um tema que até então considerava ser parte de um segundo plano (mesmo tendo aulas com o Doutor Benno Becker! – famoso psicólogo e escritor de livros como “Manual de Psicologia do Esporte & Exercício” e “Manual de Treinamento Psicológico para o Esporte”, este em colaboração com Dietmar Samulski, outro grande Doutor).
Quando digo Doutor com a letra D em letra maiúscula, não me refiro ao fato de ter um mero doutorado (sem desprezar), porém, pretendo dizer que o fato de você ter desejado ser um doutor em certa área não lhe assegura que você seja melhor que ninguém. Conheço muitas pessoas que mal possuem um título de graduação, porém são digamos “superiores” a diversos “doutores” que devido a esse título conquistado (ou cedido, pois “cá entre nós”, em alguns lugares você tem que, desculpe-me o termo, “puxar o saco” de outros doutores com d minúsculo, para poder ser orientado pelos mesmos), são egocêntricos como os famosos que observamos na televisão todos os dias.
Também não me refiro aos médicos, aos políticos, advogados e aos engenheiros a quem todos chamamos de doutores com a maior “admiração”, pois exercitam profissões que no século XX eram consideradas as mais respeitadas. Não defendendo o meu lado apenas, porém vejo que existem inúmeras outras a quem também devemos o respeito. Educação Física é uma delas, pois ela não só abrange o corpo como também a mente. Algo que pouco conhecemos e que as outras profissões da área da saúde desconsideram, ou se a consideram, como a psicologia, não consideram o corpo.
Infelizmente, poucos profissionais da Educação Física dão valor à mente. Ao cérebro. Ao psíquico. Ao sentimento. A grande maioria foi levada pelas aulas de “BodyMarketing” onde observamos um professor “um tanto que afeminado” com um som altíssimo, pulando e sorrindo como se tudo fosse um mar de rosas, mesmo que naquele momento ele esteja “p.” da vida. Pois a academia ao qual ele trabalha apenas lhe paga 500 reais por mês para destruir seu corpo, ministrando mais aulas do que o mesmo possa agüentar. Ou seja, ele não possui tempo para pensar no poder da mente. Ele apenas deseja dançar, pular e gritar, e então, ir embora. Para, então, fornecer o repouso que deveria ser fornecido antes, no período da manhã.
Retornando ao tema da coluna. Assisti a uma aula com o professor Marcello Árias Dias Danucalov. Excelente professor por sinal. Doutorando (com letra D maiúscula). O assunto era Psiconeuroimunoendócrino, resumindo: a mente, os poderes dela. Nessa aula ele forneceu um artigo da revista Nature (revista ao qual você tem que ser convidado a publicar algo, sendo necessário também um Prêmio Nobel) onde o cientista Richard J. Davidson e colaboradores realizaram uma experiência com três monges budistas de Dalai Lama, ao qual eles foram submetidos a vários testes e procedimentos, onde pôde ser observado que eles, durante a meditação, são capazes de alterar uma das medidas de nosso corpo mais estáveis: a temperatura corporal. Nosso corpo sempre luta para mantê-la próxima aos 37 graus Celsius. Mas eles foram capazes de aumentá-la até aproximadamente 43 graus Celsius e diminuí-la em até aproximadamente 29/30 graus Celsius.
Cientificamente comprovado: nosso cérebro pode realizar muitas façanhas. Para isso, ele tem que ser exercitado, fortalecido, ou seja, nós temos que treiná-lo a aceitar somente pensamentos positivos. Devemos nos re-educar a olhar tudo de uma forma mais otimista, termos mais paciência, nos preocuparmos menos (ou se possível, não nos preocuparmos). Para que, como disse o Doutor Danucalov, nos estressarmos em uma fila de banco, se sabemos com antecedência que iremos enfrentá-la? Não seria melhor levarmos um livro para lermos e, então, não nos queixarmos novamente de que não possuímos tempo para ler?






Se utilizássemos todo o tempo que gastamos com reclamações, para procurarmos idéias para melhorarmos algo de que não gostamos, poderíamos resolver em poucas semanas muitos, ou até todos, os pequenos problemas que nos deixam nervosos e, ao se somarem, são capazes de nos deixar doentes. O câncer aparece assim. Os problemas de coração também. Todas as doenças que você adquire são porque em dado momento você estava ou estressado demais, ou deprimido.
Nós apenas possuímos fatores genéticos que podem ou não nos transmitir algumas doenças. Porém, esses fatores apenas agirão com a liberação excessiva de cortisol e outros hormônios que destruirão nossos mecanismos de defesa (leucócitos – glóbulos brancos), matando as células, por exemplo, dos rins, e, suponhamos que você possua genes propícios a ter câncer nos rins, assim, as chances serão aumentadas drasticamente para que você adquira esse câncer.
Está comprovado cientificamente que devemos, todos, modificar nossos hábitos. Esquecermos do mundo ao nosso redor. Não assistirmos mais aos tele-jornais, que só noticiam notícias que liberam hormônios que não necessitamos durante o almoço ou janta. Não devemos mais andar com pessoas negativas ou que se queixam em demasia. Liberam hormônios demais também. Se possível, devemos arrumar 10 minutinhos do dia para meditarmos (tema que irei abordar no blog de modo mais científico após a leitura de alguns artigos).
São pequenas dicas para, aos poucos, aprendermos que, como diz o psicólogo José Ângelo Gaiarsa, na introdução de seu livro “Imagem e Individualidade”: “Concluí então que a sociedade era complexa demais para que alguém pudesse compreendê-la em sua amplitude, ou modificá-la eficaz e intencionalmente com programas políticos, leis e regulamentos”.
Assistindo a um documentário na National Gerographic Channel, sobre o budismo, percebi que o nosso mundo ocidental possui uma ignorância. Não que eles (budistas) sejam perfeitos (ninguém é!). Porém essa “ignorância” deve-se ao fato de, durante anos de nossas vidas sermos treinados para aprender. Aprender a ler, escrever, falar, caminhar, correr, etc. Depois, dedicamos anos para aperfeiçoar essa aprendizagem. Desenvolvemos um melhor raciocínio para algumas matérias, realizamos certos treinamentos para aperfeiçoar algumas capacidades motoras que desejamos melhorar, e assim por diante. Porém, o domínio da mente nós não desenvolvemos. Quero dizer, a capacidade de termos controle sobre o que pensar (sentir – pois quando você pensa em algo, momentaneamente expressa um sentimento) e quando pensar.
Isso meus amigos, chama-se LIBERDADE. Essa liberdade é a qual os monges e pessoas mais sábias (não em conhecimento teórico e científico, mas em “vida” – mais sábias em auto-conhecimento, conhecimento do que há de mais valioso nesse mundo: seu corpo, você mesmo!) procuram durante décadas para encontrar. E quando a encontram, transmitem o que é de mais valioso para um Professor, Mestre, Doutor transmitir: a compaixão, a tranqüilidade, o amor – e os caminhos para você encontrá-las . A verdadeira sabedoria!
Então, devemos fazer parte e perceber o que está acontecendo, porém não nos lançarmos em uma batalha solitária para mudar. Isso causará liberação exagerada de hormônio em vão. Se for para lutar, devemos contar com apoio, com um exército. Enquanto esse exército não bata continência para você, aprenda a surfar, aprenda a se divertir, mesmo que muitos estejam trabalhando para poucos, talvez até você esteja, mas o melhor que possa fazer é não se abalar mentalmente.




Qualquer dúvida ou sugestão: comente o blog ou envie um e-mail para rdallsantos@hotmail.com. Obrigado!



Rodrigo Dall'Aqua

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