domingo, 27 de abril de 2008

Levantamento de peso - Parte II

EXIGÊNCIAS METABÓLICAS DO LEVANTAMENTO DE PESO

Continuando o trabalho sobre a modalidade Olímpica do Levantamento de Peso, iremos falar nessa segunda parte, sobre as exigências metabólicas relacionadas ao desporto em questão. Para após, estudarmos os componentes físicos e cognitivos necessários para a prática desse esporte.



Primeiramente, para entendermos o funcionamento do nosso metabolismo, utilizaremos autores referências em relação ao tema “Metabolismo humano”, FOSS e KETEYIAN (2000), que introduzem o tema da seguinte maneira: “a energia provida dos alimentos é utilizada para produzir ATP – composto químico, que quando desintegrado, tem a função de fornecer energia para a contração muscular e outros processos biológicos”.


Como esta fonte possui uma quantidade limitada dentro da célula muscular e está sendo utilizada e regenerada constantemente, o organismo oferece duas vias para que possa ser feita a ressíntese deste ATP. Sendo assim, as duas formas de obtenção de energia são: anaeróbica (ausência de oxigênio) e aeróbica (presença de oxigênio).Contextualizando ainda mais este aspecto, existem três processos comuns que produzem energia para a elaboração do ATP:


(1) o sistema ATP – PC (ou sistema fosfagênio), no qual a energia para a ressíntese do ATP provém apenas de um único composto, a fosfocreatina (PC);




(2) glicólise anaeróbica, o sistema que gera lactato, mas que proporciona ATP a partir da degradação parcial da glicose ou do glicogênio na presença de oxigênio;









(3) o sistema aeróbio, que envolve o uso de oxigênio, atráves da oxidação de carboidratos e de ácidos graxos e alguns aminoácidos (FOSS e KETEYIAN, 2000).











Porém, nenhum desses sistemas age de maneira isolada no nosso corpo, ou seja, mesmo nas atividades de curta duração e alta intensidade, há, mesmo que quase nula, a participação do terceiro sistema (aeróbio) (PEREIRA, 2007).




A figura abaixo mostra aproximadamente o tempo de duração de cada sistema, e os momentos em cada um se torna prioritário durante a atividade.










Durante o levantamento de peso, essa energia utilizada pela contração muscular é transferida, através do sistema esquelético, para a barra que está sendo levantada. Essa transferência de energia pode ocorrer pela ação das forças ao longo das articulações entre si, ou através dos torques musculares gerados em volta das articulações (GARHAMMER, 1982).
Sobre as capacidades motoras desenvolvidas no levantador de peso, Stone et al. (2006) consideram óbvio que eles possuem uma grande força e potência, e citam exemplos de diversos levantadores de elite que são capazes de levantar, sobre a cabeça, cargas três vezes maiores que o seu próprio peso corporal durante o arremesso, sendo que mais de 20 mulheres já levantaram o dobro de seu peso corporal nesse exercício.
Os autores afirmam que as principais capacidades determinantes para o rendimento no levantamento de peso são a potência e a força máxima, principalmente dos membros inferiores e do quadril.Em relação à qual capacidade física é mais utilizada, força máxima ou potência, Charniga Jr. (2001) reporta que um levantador de peso não possui tempo para impor toda a sua força máxima para o arranque pois o tempo real que ele possui para produzir tal força é menor do que 1 segundo, sendo que é necessário mais tempo para o levantador produzir uma força muscular máxima do que é utilizado em um exercício como o arranque.
Nesse sentido, Garhammer (1993) afirma que pesquisas têm mostrado que o levantamento de peso envolve uma alta produção de potência.De acordo com o ACMS (2002), diversas são as variáveis que podem influenciar na elaboração do treinamento de força e, dentre elas, podemos citar a intensidade da carga, o volume, a ordem dos exercícios, a freqüência semanal, o intervalo entre as séries e sessões, e a densidade.
Sobre o intervalo entre as séries, Bompa; Di Pasquale e Cornacchia (2004) citam que para haver uma devida recuperação do ATP e da creatina-fosfato, degradados durante o exercício, são necessários de 3 a 7 minutos de intervalo, utilizando uma carga de 80-100% de uma repetição máxima.Estudos mostram que a maior parte da recuperação do fosfagênio ocorre durante 3 minutos de repouso. Assim, presume-se que, para se realizar levantamentos máximos é necessário a maior quantidade disponível de fosfocreatina após a série com uma fadiga mínima (ou sem fadiga), sendo esse tempo mínimo de intervalo de 3 minutos importante durante treinamentos de força máxima e de potência (KRAEMER e RATAMESS, 2004).
Visto que o esporte envolve esforços de curta duração, e de alta intensidade, parece que o levantamento de peso não resulta em uma considerável adaptação do metabolismo aeróbio (CHIU e SCHILLING, 2005).



Contudo, Fahey et al apud Chiu e Schilling (2005) reportaram valores de consumo máximo de oxigênio nos levantadores de peso maiores do que em indivíduos sedentários. Os autores também sugeriram que os valores máximos de consumo de oxigênio relativos à massa corporal foram injustamente priorizados contra atletas maiores devido ao aumento da massa muscular.



Caso você possua dúvidas ou sugestões, comente o artigo. Para mais informações, envie um e-mail para rdallsantos@hotmail.com.


Agradeço a visita.

Rodrigo Dall'Aqua dos Santos

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